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Na contemporaneidade, nossas relações sociais são pautadas por valores de juventude, independência e produtividade. Em contrapartida, o envelhecimento é visto como um processo permeado por desgastes, limitações, decadências, dependências e esvaziamento de papeis sociais. Nesse sentido, parece que, apesar de desejarmos viver muito, evitamos ser velhos.
Ainda, nos relacionamos muito pouco com pessoas de outras gerações fora do âmbito familiar ou institucional. Pouco entendemos (e muito tememos) a velhice porque pouco convivemos com ela. E nossas cidades possuem influência para o distanciamento geracional, visto que não oferecem espaços que oportunizam essas relações.
E, afinal, onde estão os idosos nos centros urbanos? Que espaços estão ocupando? Essa discussão passa acerca da inadequação das cidades para as demandas da pessoa idosa, do desinteresse em produzir espaços para pessoas que não são ativas economicamente e também do esvaziamento dos papeis sociais dos idosos, que, cada vez encontram menos razões e estímulos para sair de casa. Perante esse cenário, os velhos seguem distanciando-se da vida pública e social.
Mas, apesar de pouco vistos e isolados, a população idosa é crescente no mundo e, principalmente, no Brasil. A demografia nos mostra até a década de 1950, nosso país era considerado jovem — altos níveis de fecundidade, famílias numerosas e menor expectativa de vida — mas, a partir dos anos 1960, nosso padrão demográfico vem mudando. Até 2060, a tendência é que a porcentagem de idosos brasileiros ultrapasse a de países do norte global e, mais ainda, ocorrerá uma inversão da nossa pirâmide etária nos próximos 40 anos. Refletir sobre a gestão da velhice é, portanto, urgente.
No mundo em que vivemos, marcado pela desobrigação do Estado em relação às questões sociais, acredita-se na ideia de que o envelhecimento é resultado de uma opção individual e que envelhecer bem é uma escolha de cada um. Em oposição à essa ideia, esse trabalho busca propor um equipamento público que propicia melhores condições para o envelhecimento da população florianopolitana. Assim, nasce o Espaço Kairós: um Centro de Convivência e Lazer Intergeracional, que estimula a convivência e coeducação entre as gerações, provê a cidade com uma opção digna de moradia para idosos, oferece ferramentas para a inserção dos velhos na vida social e configura-se como um ponto de encontro e lazer comunitário para o bairro do Capivari, nos Ingleses. |
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