Abstract:
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Como exercício para conclusão do curso em Arquitetura e Urbanismo, o presente trabalho busca desenvolver uma proposta de moradia rural modelo que possa atender às demandas dos assentamentos da Reforma Agrária na microrregião de Canoinhas/SC. Para tanto, parto da análise do pré-assentamento Terra Livre, vinculado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o objetivo de contribuir com o processo emancipatório dos futuros assentados no que concerne a produção habitacional e projeto de assentamento qualificados.
O trabalho tem sua origem em três motivações principais. A primeira, de valorizar minha origem, tanto do ponto de vista regional como pela vivência no campo, pois durante a infância acompanhei meus pais na transição de trabalhadores rurais para trabalhadores urbanos, dada a dificuldade em produzir renda apenas do cultivo da terra. A segunda, de construir um projeto calcado na realidade e que contribua na interlocução sociedade-universidade, exercendo a função social da arquitetura. Por fim, a terceira surge pelo contato com assentados do MST no ano de 2020 na UFSC, quando conheci a luta do movimento e a sua importância para a conquista de direitos dos trabalhadores rurais, com um processo formativo e autônomo.
Essas motivações foram paulatinamente aprimoradas no decorrer dos 6 anos de graduação que moldaram um entendimento sobre a função social da arquitetura. Destaco o papel do Programa de Educação Tutorial da Arquitetura e Urbanismo (PET/ARQ) que me proporcionou o contato com experiências focadas na habitação de interesse social não urbana, sobretudo na experiência de construção de 22 Unidades Habitacionais junto à comunidade de remanescentes do quilombo Santa Cruz, em Paulo Lopes/SC. O trabalho junto à Comissão de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (CATHIS), no Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina, durante meu estágio, aproximou as questões jurídicas e administrativas da profissão e dos conflitos fundiários e habitacionais no estado. O debate sobre os conflitos de classe e sua correlação com a produção do espaço, a participação de extensões universitárias, o aprofundamento sobre os aspectos construtivos, históricos e jurídicos da arquitetura social e, principalmente, o contato com professores, pesquisadores, lideranças comunitárias e movimentos sociais também contribuíram para o entendimento que a arquitetura possui uma função social, na qual este trabalho se ampara. |