Title: | (Re)existência como resistência: a literatura de Eliane Potiguara e Márcia Wayna Kambeba |
Author: | Cappellari, Jaqueline Alice |
Abstract: |
A literatura indígena contemporânea brasileira, de autoria de mulheres indígenas, isto é, realizada por mulheres que integram os povos originários do Brasil, permite (re)criar um olhar sob a história do país e seu processo de colonização, uma vez que, expressando suas temáticas culturais, políticas e estéticas, reescreve o que foi contado sobre esses sujeitos. Uma das marcas dessa literatura é a denúncia às violências cometidas contra os povos tradicionais, bem como a abordagem das consequências disso até a atualidade. Vozes antes silenciadas reivindicam o lugar de fala de mulheres que agora se autodefinem socialmente, culturalmente e politicamente. Por meio dessa escrita literária como auto expressão, tem-se não só uma manifestação estética, mas também a consolidação da literatura como instrumento de subversão e prática decolonial à medida que funciona como ferramenta de preservação da memória, das tradições, dos costumes e da ancestralidade de um povo, e também como forma de combater a violência simbólica imputada pelo processo colonial e pelo conhecimento hegemônico, utilizado para subalternizar os povos nativos. Como consequência, irá questionar a construção do pensamento eurocentrista por meio de outros saberes, provocando uma reflexão sobre novas possibilidades epistemológicas. Autodefinir-se e, com isso, questionar, denunciar, subverter, reescrever e reivindicar são posicionamentos que possibilitam construir um diálogo intercultural a partir de outras perspectivas. Esses são os caminhos trilhados pela literatura de Eliane Potiguara e Márcia Wayna Kambeba, e que fazem com que suas produções atuem como parte integrante do ativismo e da militância indígena, constituindo-se, portanto, em um valioso mecanismo de resistência política e social. Abstract: The contemporary Brazilian indigenous literature, authored by indigenous women, i. e., performed by women who are part of the original peoples of Brazil, enables us, as a society, to (re)create our perspective on the history of Brazil and its colonization process, since these women, expressing their cultural, political and aesthetic themes, give a new standpoint to what was once told about their people. It is common practice of this literature denouncing the violence committed against traditional communities, as well as addressing its consequences until the present time. Voices that have historically been silenced now claim their place of speech as women who self-define socially, culturally and politically. Through the process of writing as a means of self-expression, there is not only an aesthetic manifestation, but also the consolidation of literature as an instrument of subversion and decolonial practice as it works as a tool for preserving the memory, traditions, customs and ancestry of a people, and also as a way of combating the symbolic violence imputed by the colonial process and by the hegemonic knowledge, used to subordinate the native Brazilian peoples. Consequently, this literature questions the construction of Eurocentrist thinking through other knowledges, provoking a reflection on new epistemological possibilities. Self-defining, and, along with that, questioning, denouncing, subverting, rewriting and claiming are positions that make it possible to build an intercultural dialogue from different perspectives. These are the paths taken by the literature of Eliane Potiguara and Márcia Wayna Kambeba, making their writings integral parts of indigenous activism and militancy, constituting, therefore, a valuable mechanism of political and social resistance. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, 2022. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/241055 |
Date: | 2022 |
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PLIT0912-T.pdf | 1.834Mb |
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