“Ninguém se sente bem sendo monitorado”: a percepção dos sujeitos sobre vigilância digital no contexto de pandemia

Abstract

Este Trabalho de Conclusão de Curso discute a percepção dos sujeitos sobre a aplicação de dispositivos de vigilância digital no contexto de pandemia. Objetiva compreender as percepções dos sujeitos de diferentes grupos e contextos sobre o assunto. Também discute a vigilância digital e os seus dispositivos, identificando a forma como foram utilizados no controle da pandemia no Brasil e no mundo, assim como os elementos que perpassam e influenciam a decisão dos sujeitos de aderir tais dispositivos. A fundamentação teórica é baseada nas ideias de vigilância e governamentalidade em Michel Foucault, governamentalidade algorítmica em Antoinette Rouvroy, vigilância líquida em Zygmunt Bauman, capitalismo de vigilância em Shoshana Zuboff e quarentena digitalizada em Deborah Lupton. Utiliza como metodologia uma pesquisa exploratória com a utilização de dois grupos focais. Conclui que existe uma falta de informação sobre as formas de aplicação da vigilância digital no cotidiano e que a vigilância digital é um fenômeno complexo, com diversos atores envolvidos, fazendo com que decisão de aderir ou não aos dispositivos em nome da saúde pública atravesse, para além da decisão individual, questões sociais, culturais e políticas.

This undergraduate thesis discusses the perception of subjects about the application of digital surveillance devices in the context of a pandemic. It aims to understand the perceptions of subjects from different groups and contexts on this matter. It also discusses digital surveillance and its devices, identifying how they were used to control the pandemic in Brazil and in the world, as well as the elements that permeate and influence the decision of subjects to adhere to such devices. The theoretical foundation is based on the ideas of surveillance and governmentality in Michel Foucault, algorithmic governmentality in Antoinette Rouvroy, liquid surveillance in Zygmunt Bauman, surveillance capitalism in Shoshana Zuboff and digitised quarantine in Deborah Lupton. It uses an exploratory research methodology with the conduction of two focus groups. It concludes that there is a lack of information on the forms of application of digital surveillance in daily life and that digital surveillance is a complex phenomenon, with several actors involved, making the decision to adhere or not to the devices in the name of public health cross, far beyond of only individual decision, social, cultural and political issues.