A emoção como dimensão epistemológica do jornalismo como forma social de conhecimento

Abstract

Esta é uma pesquisa teórica de caráter exploratório que procura servir de ponto de partida a uma agenda de investigação sobre jornalismo e emoções no Brasil. A pesquisa parte de uma reflexão sobre as relações de saber-poder que historicamente formaram o jornalismo para compreender como tais relações se fazem presentes na forma de conhecer do jornalismo e também em suas práticas. Para isso, utiliza a ideia de verdade como conceito operador para articular a epistemologia do jornalismo às críticas feitas por estudos decoloniais e feministas ao modo de produção de saber na modernidade e sustenta que concepções modernas de verdade e razão provocam um apagamento da emoção nas discussões epistemológicas. Os termos ?emoção?, ?afeto? e ?sensível? são utilizados posteriormente como conceitos operadores para identificar abordagens existentes a respeito do papel das emoções no jornalismo, que são divididas em temas proeminentes de investigação e sintetizadas na forma de questões às quais uma teoria do jornalismo como forma emocional de conhecimento possa responder. A questão que orienta a pesquisa é: uma teoria do jornalismo como forma emocional de conhecimento seria capaz de responder a quais questões e dilemas atuais no âmbito dos estudos em jornalismo? É objetivo geral da pesquisa: problematizar o papel das emoções na epistemologia do jornalismo a partir de críticas feitas pelos estudos feministas e decoloniais à produção de saber na modernidade. São objetivos específicos: a) compreender o que a concepção de regimes de verdade revela sobre a produção de saber na modernidade e como a crítica à modernidade a partir de estudos feministas e decoloniais contribui para essa compreensão; b) identificar em que sentido as críticas à produção de saber na modernidade se relacionam com o reconhecimento e a valorização das emoções na produção de saber; c) compreender a relação entre jornalismo e modernidade, e de que forma o jornalismo como forma de conhecimento se constitui nessa relação; d) encontrar possíveis implicações e contribuições de teorizações sobre emoção e afeto nas ciências sociais para o Jornalismo; e) compreender de que formas a emoção vem sendo abordada nos estudos em jornalismo e identificar temas proeminentes na discussão; f) identificar questões chave para o estudo do jornalismo em torno das quais possa ser construída uma teoria do jornalismo como forma de conhecimento emocional. Tais questões denotam a relevância de compreender o que há de emocional na forma como sujeitos se orientam diante do mundo e, mais especificamente, como o jornalismo, enquanto forma social de produção de conhecimento, mobiliza a sua dimensão emocional.

Abstract: This is an theoretical exploratory research that seeks to serve as a starting point for an agenda of investigations on journalism and emotions in Brazil. The research departs from a reflection on the knowledge-power relations that historically formed journalism to understand how such relations are present in journalism?s way of knowing and also in its practices. To do so, it uses the idea of truth as an operating concept to articulate the epistemology of journalism to the criticisms made by decolonial and feminist studies regarding the mode of production of knowledge in modernity and argues that modern conceptions of truth and reason cause an erasure of emotion in epistemological discussions. The terms ?emotion?, ?affection? and ?sensitive? are later used as operator concepts to identify existing approaches to the role of emotions in journalism, which are divided into prominent research themes and synthesized in the form of questions to which a theory of journalism as an emotional form of knowledge can respond. The question that guides the research is: a theory of journalism as an emotional form of knowledge would be able to answer which current questions and dilemmas in the scope of journalism studies? The general objective of the research is to reflect upon the role of emotions in the epistemology of journalism based on criticism made by feminist and decolonial studies to the production of knowledge in modernity. The specific objectives are: a) to understand what the conception of regimes of truth reveals about the production of knowledge in modernity and how the critique of modernity from feminist and decolonial studies contributes to this understanding; b) to identify in what sense the criticisms of the production of knowledge in modernity are related to the recognition and appreciation of emotions in that process; c) to understand the relationship between journalism and modernity, and how journalism as a form of knowledge is constituted in this relationship; d) to find possible implications and contributions of theories about emotion and affect in the social sciences for journalism studies; e) to understand in what ways emotion has been approached in journalism studies and identify prominent themes in the discussion; f) to identify key issues for the study of journalism around which a theory of journalism as a form of emotional knowledge can be built. Such questions denote the importance of understanding what is emotional in the way subjects orient themselves towards the world and, more specifically, how journalism, as a social form of knowledge production, mobilizes its emotional dimension.