Identificação e manejo da pessoa adulta com incontinência urinária não neurogênica: a cartilha como tecnologia educacional para orientação dos profissionais de enfermagem

Abstract

A incontinência urinária reflete negativamente na qualidade de vida das pessoas, interferindo nas atividades de vida diária, gerando impactos sociais, psicoemocionais, econômicos e sexuais. A educação em saúde e a educação permanente em saúde devem integrar a prática do enfermeiro. As tecnologias educacionais são ferramentas que facilitam o processo ensino aprendizagem, essenciais na formação dos profissionais e na qualidade dos serviços de saúde. Dentre as tecnologias educacionais, a cartilha tem sido utilizada na área da saúde visando tanto ao público de pacientes quanto ao de profissionais da saúde, pois apresentam como vantagens a flexibilidade de tamanhos, formatos, textos e ilustrações. Nesse contexto, apresenta-se como pergunta de pesquisa: como construir uma tecnologia educacional em saúde no formato de cartilha para profissionais de enfermagem sobre incontinência urinária. O objetivo desta pesquisa é construir e validar uma tecnologia educacional em saúde, no formato de cartilha, para identificação e manejo da pessoa adulta com incontinência urinária não neurogênica para profissionais de enfermagem. Trata-se de uma pesquisa metodológica com validação do produto, realizado em duas etapas. A primeira etapa, o polo teórico, correspondeu à construção da cartilha e foi divido em três fases: primeira fase: foi realizada uma investigação situacional por meio da aplicação de um questionário semiestruturado aos profissionais de enfermagem de uma clínica cirúrgica em um hospital universitário do sul do Brasil. Na segunda fase ocorreu a seleção de documentos, protocolos, manuais e diretrizes das entidades ou órgãos que tratam do tema em tela, e na terceira fase foi elaborada a cartilha. A segunda etapa correspondeu ao polo analítico, no qual a cartilha foi validada por juízes especialistas na área, a fim de revisar a qualidade e pertinência do conteúdo e da escrita. Os dados referentes ao diagnóstico situacional foram analisados em um editor de planilhas, utilizando-se porcentagens e médias aritméticas simples. Para a validação da cartilha foi calculado o índice de validade do conteúdo em todos os itens do instrumento, sendo que os itens com IVC inferior a 0,80 foram modificados de acordo com as sugestões dos juízes. identificou-se na investigação situacional que existem lacunas no conhecimento da equipe de enfermagem acerca da incontinência urinária, a exemplo, 93,3% dos participantes consideram a incontinência urinária intrínseca ao envelhecimento e 66,6% desconhecem a atuação do enfermeiro estomaterapeuta no tratamento da incontinência urinária. A cartilha foi elaborada a partir das informações do diagnóstico situacional e da seleção de documentos, apresenta 97 páginas. A paleta de cores incluiu diferentes tonalidades de rosa e azul, organizada em noves tópicos, com imagens, a saber: fisiologia da micção; o que é a incontinência urinária; tipos de incontinência urinária; fatores de risco; prevalência da incontinência urinária; impactos da incontinência urinária; prevenção, tratamento e manejo da IU; sistematização da assistência de enfermagem; e legislação; ao final foram apresentadas as referências e como apêndice um modelo de Diário Miccional. Em relação a validação da cartilha, um item obteve índice de validade de conteúdo abaixo de 0,80 e foi modificado, o índice de validação de conteúdo médio dos itens foi de 0,89. Ressalta-se a importância de abordar o tema entre os profissionais de saúde, e de as instituições proverem estrutura física, recursos humanos e materiais, bem como processos que estimulem a promoção da continência. 9 Espera-se que esta pesquisa e produto contribuam para reflexão e instrumentalização dos profissionais de enfermagem em relação ao manejo da pessoa com incontinência urinária.

Abstract: Urinary incontinence negatively reflects in people?s quality of life, interfering in their daily activities, outcoming in social, psycho-emotional, economic, and sexual impacts. The health education and permanent health education must integrate nurse?s practices. The educational technologies are facilitating tools in learning-teaching, paramount in professionals? formation and health service?s quality. Amongst the educational Technologies, the guidebook has been used in health science?s field directing both the patients and healthcare professionals, as they present as advantages flexibility in size, shape, text, and illustrations. In this context, it presents as research question: how to develop a health?s educational technology in guidebook format directed to nursing professionals about urinary incontinence? The objective of this research is to develop and validate a health educational technology, in guidebook format, to allow identifying and handling of the adult person with non-neurogenic urinary incontinence for nursing professionals. It is a methodological research with product validation, stablished in two steps. The first step, the theoretical pole, corresponds to the development of the guidebook, and was divided in three phases: First Phase: it was conducted a situational investigation by means of the application of a semi structured questionnaire to the nursing professionals of a surgical ward of a university hospital in Southern Brazil. Second Phase: It was conducted selection of documents, protocols, manuals and guidelines from entities or organs related to the theme. Third Phase: Elaboration of the guidebook. The second step corresponds to the analytical pole, in which the guidebook was validated by specialist judges in this field, aiming to revise the quality and pertinence of contents and writings. The data referring to the situational investigation was analyzed in a datasheet editor, using percentages and simple arithmetical mean. To the validation of the guidebook, it was calculated the content validity index (CVI) in all the instrument?s items, in which the items with CVI lower than 0,80 were modified according to the judge?s suggestions. It was identified in situational investigation that there are gaps in the team?s knowledge about urinary incontinence, i.e., 93,3% of participants consider urinary incontinence intrinsic to ageing and 66,6% do not know about the stomatherapist nurse role in urinary incontinence. The guidebook was elaborated from the information of the situational diagnosis and from the document selection, containing 97 pages. The color pallet includes different shades of pink and blue, sorted in nine topics, with images, namely: micturition physiology; what is urinary incontinency; types of urinary incontinency; risk factors; prevalence of the urinary incontinency; impacts of the urinary incontinence; prevention, treatment and handling of the UI; systematization of nursing care; and legislation; in the final section, it was presented the references and as the append, a model of a Micturition Diary. Regarding the guidebook validation, one of the items scored content validity index under 0,80 and was modified, the mean content validation index was of 0,89. It must be emphasized the relevance of the theme among health professionals, and the institutions to provide physical structure, human resources, and materials, as well as processes stimulating the continence. It is expected that this research and product contributes to the reflecting and instrumentalization of healthcare providers regarding the better handling of the person with urinary incontinence.