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O estudo teve como objetivo geral analisar a referência e contrarreferência em uma Unidade
de Pronto Atendimento, bem como as repercussões da Covid-19 nesse sistema sob a
perspectiva de enfermeiros e médicos. Objetivos específicos identificar as facilidades e
dificuldades da referência e contrarreferência antes da pandemia, durante a pandemia e no
momento atual, segundo enfermeiros e médicos. Metodologia: pesquisa exploratória,
descritiva, do tipo qualitativa, realizada com 13 profissionais de saúde que atuam em uma
Unidade de Pronto Atendimento. Os dados foram coletados por meio de entrevista individual,
semiestruturada, e analisados a partir da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados:
das entrevistas foram extraídos 19 Discursos do Sujeito Coletivo. Quanto à contrarreferência,
antes da pandemia, a facilidade voltou-se para o próprio encaminhamento realizado por meio
da carta de contrarreferência preenchida pelos médicos por meio do sistema Celk, já em
relação às dificuldades, foram destacadas as unidades superlotadas que não conseguiam
absorver a demanda populacional, assim como a falta de profissionais nas equipes de saúde.
Durante a pandemia, a facilidade da contrarreferência foi a criação de uma central de apoio
local aos pacientes com sintomas respiratórios leves e moderados. A principal dificuldade foi
em relação à priorização dos atendimentos dos pacientes com sintomas respiratórios nas
unidades básicas. No momento atual, a dificuldade na contrarreferência está relacionada ao
acesso dos usuários às unidades básicas após o encaminhamento médico e o consequente
aumento de demandas não emergenciais na Unidade de Pronto Atendimento. No tocante à
referência antes da pandemia, os profissionais destacaram como facilidade as situações
clínicas dos pacientes em que existe um hospital referência pré-determinado e a possibilidade
de transferência por meio da Vaga Zero, enquanto a dificuldade, era voltada aos casos mais
complexos e aos mais estáveis que necessitavam de investigação no hospital, uma vez que os
profissionais tentavam encaminhamento para diferentes hospitais e não tinham êxito. Durante
a pandemia, a referência de pacientes com Covid-19 passou a ser realizada por meio de uma
central de regulação de leitos que auxiliou na organização das solicitações de leitos de
enfermaria e terapia intensiva, sendo ressaltada como uma facilidade, assim como o transporte
em saúde que foi considerado positivo. Em contrapartida, a falta de leitos nos hospitais,
sobretudo leitos de terapia intensiva, emergiu como dificuldade à referência durante a
pandemia. Atualmente as dificuldades na referência são: a referência dos pacientes com
Covid-19 pelos enfermeiros que não estavam acostumados a realizar essa função, a burocracia
e a demora na referência de médico para médico e o desmonte da estrutura
Covid-19. Conclusão: a referência e contrarreferência encontram barreiras tais como
logística, a falta de recursos humanos e a estrutura hospitalar que impedem ou atrasam a sua
concretização. O período pandêmico foi um fator determinante nas dificuldades da referência
e contrarreferência, entretanto, houveram organizações que contribuíram para a operação
desse sistema, entre eles: a criação de uma central de apoio à contrarreferência, o centro de
regulação de leitos e a ampliação do serviço de transporte. |
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