Uso de Medicamentos para Dormir entre Estudantes de Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina

Abstract

Muitas pesquisas, sejam elas acadêmicas ou não, de diferentes partes do mundo têm expressado sua preocupação com os distúrbios do sono e a saúde mental de estudantes universitários. Esta proposta se alia a essa preocupação e tem como objetivo analisar os fatores associados ao uso de medicamentos para dormir e sua relação com o sofrimento psíquico dos estudantes do curso de graduação em Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Trata-se de pesquisa qualitativa, de cunho descritivo e exploratório, para tal, duas etapas de coleta de dados foram planejadas. A primeira, via questionário online (plataforma GoogleForms®), visou traçar o perfil de uso de medicamentos para dormir entre estudantes. A segunda se baseou em entrevistas semiestruturadas sobre a temática, em profundidade, com os estudantes que participaram da primeira etapa e aceitaram participar da segunda etapa. Os temas explorados partiram de cinco perguntas: (1) momento em que o estudante começou a usar medicamentos para dormir; (2) porque acha que precisa do medicamento; (3) o que causa sua insônia; (4) como se sente com o medicamento e sem o medicamento; (5) o que tentou antes de utilizar o medicamento. Destes, foram selecionados 20 estudantes, segundo os critérios de inclusão, e que utilizavam medicamentos alopáticos, dos quais 11 foram entrevistados e 9 não compareceram. As entrevistas foram transcritas e a análise de conteúdo seguiu o recomendado por Minayo (2013). Entre os 77 respondentes da primeira etapa, 26 (33,8%) utilizam ou utilizavam medicamentos para dormir no momento do questionário, destes, apenas 15 (34,1%) contavam com prescrição médica. A obtenção dos medicamentos se deu majoritariamente em farmácia comunitária. O tempo de uso de medicamentos para dormir variou de 8 meses a 4 anos. As principais categorias identificadas foram: Causas (pandemia, cobranças e diagnósticos associados); Uso indiscriminado de medicamentos e Terapias complementares e estilo de vida. As principais motivações para esse uso foram ansiedade, depressão e a influência da pandemia. A faculdade foi reconhecida como grande responsável pela insônia; a relação com o medicamento divergiu entre aqueles que não se veem sem o medicamento e aqueles que não sentem que o sono com o medicamento é de fato revigorante. Quanto aos cuidados integrativos e complementares em saúde e outras terapias foram citados o uso de fitoterápicos, chás, yoga e psicoterapia. Estudos como esse são fundamentais para discutir a saúde mental e o sofrimento psíquico experimentado pelos estudantes de Farmácia, além de permitir a proposição de intervenções que visem melhorar a qualidade do sono desta população.