Elaboração do plano de desmonte de uma embarcação do tipo ferry boat utilizada nas travessias litorâneas do estado de São Paulo

Abstract

O desmonte de embarcações consiste no processo de desmantelamento de seus elementos e constituintes com o objetivo de reaproveitar seus equipamentos e componentes. Esta atividade envolve a presença de diversos materiais, dentre eles, os perigosos, que oferecem riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Com a isso, no decorrer dos anos foram propostas regulamentações e leis trabalhistas rigorosas referentes a essa prática, aplicada ao território de países desenvolvidos. Porém, como reflexo, a indústria de desmonte e reciclagem de embarcações teve seu polo gradativamente transferido para nações em que estas regulamentações e leis não são abrangidas. Desta forma, armadores passaram a enviar navios para estas regiões onde as atividades são realizadas de maneira irregular, oferendo riscos ao meio ambiente e saúde dos trabalhadores. O Brasil é um país onde este mercado de reciclagem de embarcações é extremamente reduzido, devido à falta de experiência e preparação por parte dos estaleiros regionais. Portanto, embarcações nacionais geralmente são exportadas aos destinos comuns de reciclagem ou abandonadas às margens de rios e cais, gerando danos ambientais, sociais e ocasionando acidentes. Diante deste cenário, o presente trabalho apresenta detalhadamente as etapas definidas de um plano de desmonte de uma embarcação tipo ferry boat, atuante no transporte marítimo nacional, baseada em diretrizes e recomendações de processos apresentadas por órgãos internacionais regulamentadores, como a IMO, Convenção de Hong Kong e Convenção da Basileia. A partir de um levantamento quantitativo dos equipamentos e materiais da embarcação em estudo, analisou-se os processos a serem utilizados para o desmonte, segregação, armazenamento e destinação destes materiais presentes de maneira correta. De acordo com o estudo, a embarcação apresenta um alto potencial de reciclagem, com cerca de 77% do seu peso leve representado por aço, além do reaproveitamento dos acessórios incluídos a bordo. Considerando este fato, a exploração desta prática na indústria naval brasileira, pode contribuir para o desenvolvimento dos mercados regionais apresentando uma nova vertente de atividade para execução nos estaleiros nacionais.