Efeitos da ingestão aguda da infusão de erva-mate (Ilex paraguariensis) na função endotelial avaliada pela dilatação fluxo mediada: Um ensaio clínico randomizado cruzado

Abstract

As doenças cardiovasculares (DCVs) são as maiores causas de morte em nível global e fatores nutricionais podem alteram sua incidência. A erva-mate (EM) é uma planta consumida na forma de infusão quente ou fria e um possível fator nutricional com efeitos no sistema cardiovascular. Ainda não se sabe, no entanto, o efeito da erva-mate, consumida de maneira quente ou fria, em alguns parâmetros cardiovasculares. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da ingestão aguda da infusão de EM, quente ou fria, na função endotelial por meio da dilatação fluxo mediada (FMD), bem como em outras variáveis hemodinâmicas e autonômicas. Foi realizado um ensaio clínico randomizado cruzado, avaliando-se 13 adultos saudáveis de ambos os sexos com idade entre 18 e 40 anos, submetidos a três condições: controle, infusão fria e infusão quente de EM. O desfecho primário foi a FMD, e os desfechos secundários incluíram a frequência cardíaca (FC), a variabilidade da frequência cardíaca (VFC), e a pressão arterial (PA) média avaliados antes da administração da intervenção, 40 e 80 minutos após a intervenção. No percentual da FMD a análise de variância (ANOVA) apontou um efeito somente para intervenção (p < 0,05), e não para a interação entre tempo e intervenção (p = 0,60). Quanto aos desfechos secundários foram observados efeitos somente no domínio do tempo da ANOVA (p < 0,05), sem aparente efeito da EM. Observou-se aumento generalizado da alta frequência (HF), redução da razão baixa frequência/alta frequência (LF/HF), e aumento dos índices desvios padrões dos intervalos NN (SDNN) e raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos NN sucessivos (RMSSD). A FC e PA apresentaram redução e elevação, respectivamente. Os resultados indicam que considerando a interação de tempo e intervenção não houve impacto da infusão de EM na FMD, contrariando a hipótese inicial do estudo, e possivelmente sendo influenciados por fatores como a quantidade de polifenóis da amostra utilizada.

Cardiovascular diseases (CVDs) are the main cause of death globally and nutritional factors can alter their incidence. Yerba mate (YM) is a plant consumed as a hot or cold infusion and is a nutritional factor that might have effects on the cardiovascular system. However, the effect of yerba mate, consumed hot or cold, on certain cardiovascular parameters is still unknown. Thus, the aim of this study was to evaluate the effects of acute ingestion of EM infusion, hot or cold, on endothelial function through flow-mediated dilation (FMD), as well as on other hemodynamic and autonomic variables. A crossover randomized clinical trial was carried out, evaluating 13 healthy adults of both sexes between 18 and 40 years old, submitted to three conditions: control, cold infusion and hot infusion of YM. The primary outcome was FMD, and secondary outcomes included heart rate (HR), heart rate variability (HRV), and mean arterial pressure (BP) assessed before administration of the intervention, 40 and 80 minutes after the intervention. In the percentage of FMD, the analysis of variance (ANOVA) showed an effect only for the intervention (p < 0.05), and not for the interaction between time and intervention (p = 0.60). As for secondary outcomes, effects were observed only in the time domain of ANOVA (p < 0.05), with no apparent effect of YM. There was a generalized increase in high frequency (HF), a reduction in the low frequency/high frequency ratio (LF/HF), and an increase in the standard deviation of the NN interval (SDNN) and the square root of the mean of the sum of the squares of differences between adjacent NN intervals (RMSSD). HR and BP decreased and increased, respectively. The results indicate that considering the interaction of time and intervention, there was no impact of YM infusion on FMD, contrary to the initial hypothesis of the study, and possibly being influenced by factors such as the amount of polyphenols in the utilised sample.