Associação do ângulo de fase com fenótipos metabólicos no excesso de peso: um estudo de base populacional

Abstract

Introdução: A obesidade é uma condição multifatorial e está associada a inflamação crônica de baixo grau do tecido adiposo, representando um grave fator de risco à saúde. Nesse sentido, existe uma heterogeneidade entre indivíduos que apresentam excesso de peso e o seu respectivo risco de desenvolver distúrbios metabólicos. Sendo assim, o ângulo de fase (PhA) é um parâmetro obtido a partir dos dados brutos da bioimpedância elétrica (BIA), em que os valores refletem na função celular e na integridade da membrana dependendo das condições clínicas e estado inflamatório apresentado pelo indivíduo. O objetivo do presente estudo foi avaliar a associação do PhA com os fenótipos metabólicos em adultos com excesso de peso de ambos os sexos. Metodologia: Estudo transversal, de base populacional, conduzido na cidade de Viçosa, Minas Gerais, de 2012 a 2014; aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos (60998622.0.0000.0121) e de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde 466/12. A amostra foi composta por 429 indivíduos adultos de ambos os sexos, sendo estratificados em 210 indivíduos Metabolicamente Saudáveis e com Excesso de Peso (MSEP) e 219 indivíduos Metabolicamente Não Saudáveis e com Excesso de Peso (MNSEP). Foram utilizados para classificação de indivíduos MSEP e MNSEP os critérios estabelecidos por Wildman et al. (2008), que consideram seis parâmetros: Pressão Arterial Sistólica (PAS) e Diastólica (PAD); Triglicerídeos (TG); lipoproteína de alta densidade (HDL-c); Glicemia de Jejum; Resistência à insulina (HOMA-IR); e Proteína C Reativa (PCR). Para verificar a associação entre o PhA e os fenótipos metabólicos foram realizadas regressões logísticas brutas e ajustadas por tempo sentado, nível de atividade física, tabagismo e escolaridade. Resultados: Indivíduos MNSEP possuem maior idade, Índice de Massa Corporal (IMC), Perímetro da Cintura (PC), PAS e PAD, TG, Glicemia de Jejum, HOMA-IR e PCR quando comparados aos indivíduos MSEP. Observa-se que indivíduos MNSEP apresentaram menores chances de ocorrência de valores elevados de PhA nos modelos ajustados. Conclusão: Indivíduos adultos, de ambos os sexos, classificados como MNSEP apresentaram associação inversa com os valores do PhA quando comparados com indivíduos do grupo MSEP. Nesse sentido, o PhA é uma ferramenta que pode vir a ser utilizada como indicador de risco dos perfis metabólicos não saudáveis.