O valor intrínseco da vida em Dworkin e as questões sobre o fim da vida

Abstract

O presente trabalho pretende analisar como o conceito de valor intrínseco da vida formulado por Ronald Dworkin pode ser aplicado nas decisões relacionadas as questões com o fim da vida. A hipótese que se pretende verificar é a teoria apresentada por Dworkin baseada em um conceito de valor intrínseco, que sem apontar a natureza desse valor, pode ser mais bem compreendida a partir de sua filosofia moral. Para tanto, busca-se explorar a filosofia moral de Dworkin e seus argumentos a partir da obra A Raposa e o Porco Espinho e sua relação, compatibilidade e complementação aos argumentos da obra Domínio da Vida, a qual defende uma posição pró-liberal em que os cidadãos detém o direito e a responsabilidade de determinar como e quando morrer. A temática relacionada ao fim da vida se justifica em razão da sua relevância moral e política, que vem sendo posta em pauta por conta dos avanços tecnológicos e da arte médica, debatendo-se os limites e as circunstâncias em que se deve insistir na manutenção da vida e na possibilidade de antecipar o processo de morrer. A intensão da hipótese do trabalho é corroborada no fato de que as teorias éticas ou bioéticas não consideram o valor da vida como critério na tomada de decisão nas questões sobre o fim da vida. Defende-se que, embora a teorização do valor intrínseco proposto por Dworkin voltada para as questões com o fim da vida é passível de objeções, as reflexões defendidas pelo autor podem corroborar para argumentos e decisões mais responsáveis.

Abstract: The present work aims to analyze how the concept of intrinsic value of life formulated by Ronald Dworkin can be applied in decisions related to end-of-life issues. The hypothesis that is intended to be verified is the theory presented by Dworkin based on a concept of intrinsic value, which without pointing out the nature of this value, can be better understood from its moral philosophy. To this end, it seeks to explore Dworkin's moral philosophy and arguments from Justice For Hedgehogs and its relationship, compatibility, and complementation to the arguments of the work Life?s Dominion, which defends a pro-liberal position in which citizens have the right and responsibility to determine how and when to die. The theme related to the end of life is justified by its moral and political relevance, which has been put on the agenda due to technological advances and medical art, debating the limits and circumstances in which one must insist on the maintenance of life and the possibility of anticipating the process of dying.The intention of the work hypothesis is corroborated by the fact that ethical or bioethical theories do not consider the value of life as a criterion in decision-making in questions about the end of life. It is argued that, although the theorization of the intrinsic value proposed by Dworkin focused on issues with the end of life is subject to objections, the reflections defended by the author can corroborate for more responsible arguments and decisions.