Barreiras e facilitadores para a implementação do Programa Vida Ativa Melhorando a Saúde ? VAMOS ? na atenção primária à saúde de Florianópolis: percepção dos profissionais de saúde

Abstract

Programas de mudança de comportamento têm proporcionado melhoras na saúde e qualidade de vida das pessoas. Verificar a percepção dos profissionais que atuam nessas intervenções é um aspecto importante para a compreensão da implementação, das dificuldades e facilidades durante o processo. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi identificar as barreiras e os facilitadores para a implementação do Programa VAMOS pelos profissionais da Atenção Primaria à Saúde de Florianópolis. Esta pesquisa caracterizou-se como qualitativa. Portanto, o objetivo derivou de um estudo maior, denominado programa VAMOS que foi aplicado na Atenção Primária à Saúde em Florianópolis (SC) em 2016. A amostra foi constituída pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde que tiveram algum contato com o programa (multiplicadores e equipe de saúde). Os dados foram coletados por meio de entrevista face a face e grupos focais. O conteúdo das entrevistas foi transcrito, analisado e complementado com diários de campo, além da análise do processo de implementação. Para os dados sociodemográficos utilizou-se a análise descritiva. As variáveis qualitativas foram analisadas com auxílio do software QSR Nvivo®, versão 12.0 for Windows para criar as categorias de análise do conteúdo. Para realizar a análise de conteúdo, foi elaborada uma matriz analítica baseado na Teoria Sócio Cognitiva, seus determinantes e constructos. Também foi utilizado a ferramenta de avaliação RE-AIM como forma de suporte, facilitando a análise e o delineamento das categorias. Foram analisadas 34 entrevistas com os profissionais das UBSs (agentes comunitárias, técnicos em enfermagem e gestores) e com um grupo focal realizado com três multiplicadoras (profissionais de educação física). A maioria eram do sexo feminino (94,1%), com idade entre 36 a 45 anos (41,1% da amostra), com tempo de atuação na UBS (82,3%) de 11 a 20 anos (50%). Com relação ao processo de implementação, observou-se que 85,99% do protocolo foi realizado conforme esperado. Foram identificadas 13 barreiras e 14 facilitadores para implementação do programa VAMOS 2.0, englobando os determinantes pessoal e ambiental da TSC. A baixa compreensão sobre os objetivos do programa, falta de conhecimento, sobrecarga de trabalho e a pouca participação da equipe profissional foram identificadas como barreiras para o processo de implementação. Por outro lado, a crença positiva de eficácia do programa, a percepção de mudança dos participantes e o material apropriado foram observados como facilitadores. Este estudo sintetizou, sob a percepção de profissionais da saúde, barreiras e facilitadores organizacionais que influenciaram na implementação de um programa de mudança de comportamento para atividade física e alimentação saudável na APS no contexto brasileiro. Estes resultados podem ser utilizados para projetar futuras intervenções, possibilitando melhorar os resultados no processo de implementação em programas de mudança de comportamento na saúde pública.

Abstract: Behavior change programs have provided improvements in people's health and quality of life. Checking the perception of professionals who work in these interventions is an important aspect for understanding the implementation, difficulties and facilities during the process. In this sense, the objective of this study was to identify the barriers and facilitators for the implementation of the VAMOS Program by professionals of Primary Health Care in Florianópolis. This research was characterized as qualitative. Therefore, the objective was derived from a larger study, called the VAMOS program, which was applied in Primary Health Care in Florianópolis (SC) in 2016. The sample consisted of professionals from the Basic Health Units who had some contact with the program (multipliers and health team). Data were collected through face-to-face interviews and focus groups. The content of the interviews was transcribed, analyzed and complemented with field diaries, in addition to the analysis of the implementation process. For sociodemographic data, descriptive analysis was used. Qualitative variables were analyzed using the QSR Nvivo® software, version 12.0 for Windows to create the content analysis categories. To perform the content analysis, an analytical matrix was created based on the Socio-Cognitive Theory, its determinants and constructs. The RE-AIM assessment tool was also used as a form of support, facilitating the analysis and design of the categories. Thirty-four interviews were analyzed with the professionals of the UBSs (community agents, nursing technicians and managers) and with a focus group carried out with three multipliers (physical education professionals). Most were female (94.1%), aged between 36 and 45 years (41.1% of the sample), with time working at the UBS (82.3%) from 11 to 20 years (50%). Regarding the implementation process, it was observed that 85.99% of the protocol was performed as expected. 13 barriers and 14 facilitators were identified for the implementation of the VAMOS 2.0 program, encompassing the personal and environmental determinants of TSC. Low understanding of the program's objectives, lack of knowledge, work overload and little participation of the professional team were identified as barriers to the implementation process. On the other hand, the positive belief in the effectiveness of the program, the participants' perception of change and the appropriate material were observed as facilitators. This study synthesized, under the perception of health professionals, barriers and organizational facilitators that influenced the implementation of a behavior change program for physical activity and healthy eating in PHC in the Brazilian context. These results can be used to design future interventions, making it possible to improve the results in the implementation process in public health behavior change programs.