Mapeamento e caracterização geológica da rede de vales submarinos preservada na porção norte da Bacia de Santos

Abstract

Este trabalho apresenta resultados da aplicação de ferramenta de modelagem hidrológica em Sistema de Informação Geográfica para mapeamento da Rede de Vales Submarinos Interconectados (RVSI) ?onshore ? offshore? preservada na Bacia de Santos. O objetivo foi o mapeamento dos caminhos preferenciais de transporte gravitacional de sedimentos (across shore sediment transfer) entre o continente e talude continental inferior, de forma a subsidiar a prospecção de feições canalizadas e prover informações para análise de perigos geológicos em águas profundas. Para tanto, foi gerado um Modelo Digital Topobatimétrico (MDTB) de resolução espacial de 1000 m para a margem continental sudeste do Brasil, o qual foi confrontado à dados de batimetria mono e multifeixe, resultando em Incertezas Verticais Médias (IVM) de 2% entre as batimetrias. A partir desse MDTB foram extraídas as drenagens que, por sua vez, foram validadas por interpretação de perfis sísmicos de fonte monocanal (CHIRP) e multicanal que cortam essas drenagens, além de dados da literatura. Essa validação foi feita entre as isóbatas de 10 e 2200 m. Após a validação da existência (ou não) das drenagens, essas foram classificadas geologicamente quanto à sua expressão sísmica. Predominantemente, as drenagens que ocorrem na Plataforma Continental apresentam expressão sísmica de vales incisos, por vezes preenchidos. No talude, em sua maior parte as drenagens não apresentam correlação com baixos (vales) batimétricos observados nos perfis sísmicos, evidenciando a necessidade da validação desse produto. Porém, no extremo Sul e Norte da área de estudos, a existência das drenagens coincide com sistemas de cânions e Depósitos de Movimento de Massa canalizados para porções do talude médio, associado a falhas regionais halocinéticas. Conclui-se que esse produto é eficaz no mapeamento de Redes de Vales Submarinos Interconectados, porém deve ser acompanhado de validação por dados sísmicos para confirmação da ocorrência real das drenagens. A interpretação desse produto, entretanto, não é direta, considerando a natureza relíquia e palimpsesta do relevo submarino, em que uma mesma drenagem, em diferentes isóbatas, apresentará controles geológicos distintos para sua existência.

Abstract: This work presents the results of the application of a hydrological modeling tool in a Geographic Information System to map the ?onshore ? offshore? onshore-offshore Interconnected Submarine Valley Network (ISVN) preserved in the Santos Basin. The objective was to map the preferential paths for the gravitational transport of sediments (across shore sediment transfer) between the continent and the lower continental slope, in order to support the prospection of channeled features and provide information for the analysis of geological hazards in deep waters. For that, a Digital Topobathymetric Model (DTBM) with a spatial resolution of 1000 m was generated for the southeastern continental margin of Brazil, which was confronted with single and multibeam bathymetry data, resulting in Average Vertical Uncertainties (AVU) of 2% between the bathymetries. From this DTBM, drainages were extracted, which, in turn, were validated by interpreting single-channel (CHIRP) and multi-channel seismic profiles that cut these drainages, in addition to data from the literature. This validation was carried out between the isobaths of 10 and 2200 m. After validating the existence (or not) of the drainages, they were geologically classified as to their seismic expression. Predominantly, the drainages that occur in the Continental Shelf present seismic expression of incised valleys, sometimes filled. On the slope, for the most part, the drainages do not present a correlation with low bathymetric (valleys) observed in the seismic profiles, evidencing the need for the validation of this product. However, in the extreme south and north of the study area, the existence of drainage coincides with systems of canyons and Mass Movement Deposits channeled to portions of the middle slope, associated with regional halokinetic faults. It is concluded that this product is effective in mapping Interconnected Submarine Valley Networks, but it must be accompanied by validation by seismic data to confirm the actual occurrence of drainages. The interpretation of this product, however, is not straightforward, considering the relict and palimpsest nature of the submarine relief, in which the same drainage, in different isobaths, will present different geological controls for its existence.