Title: | Avaliação do perfil glicêmico de pacientes com cirrose por meio de monitoramento ambulatorial contínuo por sistema flash |
Author: | Rigon, Fernanda Augustini |
Abstract: |
O monitoramento do Diabetes Mellitus (DM) em pacientes com cirrose pode ser desafiador. A hemoglobina glicada A1c (HbA1c) frequentemente subestima o controle glicêmico nessa população, enquanto a automonitoramento da glicemia capilar falha em verificar de forma adequada as flutuações da glicose ao longo do dia. Nos propomos a avaliar o uso do monitoramento ambulatorial contínuo de glicose por sistema flash (FCGM) em pacientes com cirrose hepática (CH). Estudo observacional analítico incluindo 30 pacientes com CH (Child-Pugh B/C): 10 sem DM (G1), 10 com diagnóstico recente de DM pelo teste oral de tolerância a glicose (TOTG) (G2), 10 com diagnóstico prévio de DM (G3). O monitoramento da glicose foi realizado com FCGM durante 56 dias (4 sensores por paciente). Foi calculado o indicador de gestão de glicose (GMI) pela média de glicose dos 56 dias, o qual corresponde aos níveis de HbA1c estimado pelo FCGM. O tempo no alvo (TIR) foi determinado pela porcentagem de tempo em que os valores de glicose permaneceram entre 70?180mg/dL. Exames laboratoriais, incluindo a HbA1c e frutosamina foram realizados no início do estudo (D0) e após 28 e 56 dias. A idade foi maior no G3 (67,20±3,82) vs. G1 (50,80±11,34) e G2 (54,60±8,90). Porém não houve diferença entre os grupos em relação ao IMC, sexo, peptídeo-C, HOMA-IR e variáveis associadas a gravidade da doença hepática. Comparações entre os grupos no D0 mostraram diferenças significativas de HbA1c (4,75±0,43, 5,39±0,95, 6,79±1,41% respectivamente, p=0,000), frutosamina (275,90±36,90, 297.90±24.95, 365,59±76,19mcmol/L, p=0,004) e glicemia de jejum (94,10±10.05, 107,20±21,99, 148,50±37,98mg/dL, p=0,001). Comparações entre os grupos quanto aos parâmetros do FCGM após 56 dias, mostraram diferenças significativas de GMI (5,28±0,17, 6,03±0,59, 6,86±1,08%, p=0,000), glicose média (82,79±7,06, 113,39±24,32, 149,14±45,31mg/dL, p=0,000), TIR (70,89±9,76, 80,2±13,55, 57,96±17,96%, p=0,006) e variabilidade glicêmica (26,1±5,0, 28,21±5,39, 35,31±6,85%, p=0,004). Nos pacientes com DM, GMI teve correlação com HbA1C, de forma mais significativa no G3 (r=0,827, p=0,003), do que em G2 (r=0,618, p=0,057). Entretanto, houve discordância entre os valores de GMI e HbA1c em todos os grupos, G1 e G2, sendo a maior diferença encontrada no G2 0,69% (95% IC 0,45-1,33). Quanto ao TIR, G1, G2 e G3 permaneceram 30,95, 11,38 e 12,48% do tempo abaixo do alvo, 69,05, 80,20 e 57,96% do tempo no alvo e 0, 8,42 e 29,56% do tempo acima do alvo, respectivamente. Foram encontradas discordâncias entre HbA1c e GMI em pacientes com CH. O FCGM foi capaz de detectar anormalidades no controle glicêmico que não seriam detectadas pelo acompanhamento com o uso da HbA1c. Apesar de novos estudos serem necessários, esse estudo piloto sugere que o FCGM seja uma forma melhor de avaliação do controle glicêmico de pacientes com CH. Abstract: Managing diabetes (DM) in patients with liver cirrhosis (LC) is challenging. Glycated Hemoglobin (HbA1c) frequently underestimates glycemic control in this population, while self-monitoring of blood glucose fails to adequately check for glucose fluctuations throughout the day. We aimed to evaluate the use of flash glucose monitoring (FGMS) in patients with LC. Analytical observational study including 30 outpatients with LC (Child-Pugh B/C): 10 without DM (G1), 10 newly diagnosed DM by oral glucose tolerance test (G2), and 10 with a previous diagnosis of DM (G3). Glucose levels were monitored using FGMS for 56 days (4 sensors/patient). We calculated the 56-day average Glucose Management Indicator (GMI), which is the expected level of HbA1c based on the average of glucose measurements by FGMS. Time in range (TIR) was determined as the percent of time spent with glucose values within 70-180 mg/dL. Blood tests including HbA1c and fructosamine were performed at baseline, after 28 and 56 days. Age was higher in G3 (67,20±3,826yo) vs. G1 (50,80±11,34yo) and G2 (54,60±8,90yo). Although no differences between groups was found regarding to BMI, gender, c-peptide, HOMA-IR and variables associated with LC severity. Comparisons of FGMS parameters between groups at 56 days showed significant differences in GMI (5,28±0,17, 6,03±0,59, 6,86±1,08%, p=0,000), average glucose (82,79±7,06, 113,39±24,32, 149,14±45,31mg/dL, p=0,000), TIR (70,89±9,76, 80,2±13,55, 57,96±17,96%, p=0,006) and glucose variability (26,01±5,0, 28,21±5,39, 35,31±6,85%, p=0,004). The 56-day HbA1c average for G1, G2 and G3 were 4,82±0,39, 5,34±1,26, 6,97±1,47%, respectively. There was discordance between GMI and HbA1c when all groups were considered together, with a mean difference of 0,35% (95% IC 0,07-0,63). In G1, the mean difference was 0,46% (95% IC 0,19-0,73) and in G2 0,69% (95% IC 0,45-1,33). However, there was concordance between values of GMI and HbA1c in G3, with a mean difference of -0,10% (95% IC -0,59-0,38). Regarding TIR, G1, G2 and. G3 remained 30,95, 11,38 and 12,48% of the time below range, 69,05, 80,20 and 57,96% in target and 0, 8,42 and 29,56% above range, respectively. Disagreements were found between GMI and HbA1c in patients with LC. FGMS was able to detect abnormalities in glycemic control that would not be detected by monitoring with HbA1c. Although further studies are needed, this pilot study suggests that FGMS is a better way to assess glycemic control in patients with LC. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Florianópolis, 2022. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/244408 |
Date: | 2022 |
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