Title: | Mas pai, aonde estão os pinheiros do Paraná?: a devastação da floresta ombrófila mista no sudoeste do Paraná (1935-1975) |
Author: | Pin, André Egidio |
Abstract: |
A formação do sudoeste do Paraná ocorrida entre os anos de 1935 e 1975, contou com fluxos migratórios de colonos, madeireiros e companhias colonizadoras privadas dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, em sua maioria, e causou a devastação da sua vegetação original que era majoritariamente composta pela Floresta Ombrófila Mista, além da Floresta Estacional Semidecidual. Propôs-se investigar como o estabelecimento da sociedade conformada por migrantes desmatou, em cerca de 40 anos, mais de 3 milhões de araucárias (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze), entre outras espécies vegetais, substituindo os bosques regionais por áreas rurais e urbanas. Observou-se que anteriormente à década de 1930, quando a região era habitada predominantemente pelas sociedades Kaingang, Guarani e cabocla, o manejo da natureza apresentava impactos inferiores àqueles proporcionados pela presença dos agentes colonizadores através do desmatamento das florestas. A devastação ambiental teve três principais motivos. Um deles esteve atrelado à percepção das companhias imobiliárias e das serrarias sobre a vegetação como recurso industrializável com alto valor econômico. Não obstante a percepção semelhante aos demais agentes colonizadores quanto as árvores, entre os colonos as práticas predatórias em se deram com a venda de madeira e com o intuito de desenvolver atividades agropecuárias nas áreas florestadas, em alguns casos, e, em outros, como uma estratégia de manutenção da posse da terra em litígios contra companhias que grilaram imóveis extensos, conformando as outras duas motivações. Sob o enfoque da história ambiental global, analisaram-se fontes pesquisadas em fóruns, prefeituras, câmaras municipais e arquivos locais e no Arquivo Nacional do Ministério da Justiça. A partir da documentação, concebeu-se que a penetração legal das madeireiras no sudoeste iniciou no município de Palmas/PR no ano de 1935, que conflitos sociais como a Revolta dos Colonos de 1957 tiveram como fatores preponderantes a disputa por terras e por árvores e que outras tensões socioambientais oriundas de disputas desse gênero não foram resolvidas com a atuação do Grupo Executivo de Terras para o sudoeste do Paraná, que teve sua jurisdição limitada às glebas Missões e Chopim. Várias situações de grilagem de terras e de araucárias na Reserva Indígena Mangueirinha e nos imóveis Missões, Chopim e Chopinzinho deflagraram um cenário marcado pela violência e pelo terror socioambiental no qual a devastação foi normalizada e socialmente aceita por intermédio de interesses políticos e econômicos, embora existisse esclarecimento público, desde o final da década de 1940, sobre o acelerado decréscimo e acentuado risco de extinção das populações de espécies milenares como a araucárias, que ocupavam o sudoeste há pelo menos 13.400 anos antes do presente. Abstract: The formation of the Southwest of Paraná occurred between the migration years of 1935 and 1975 contour with flows of settlers, loggers and private settlers from the states of Rio Grande do Sul and Santa Catarina, in its majority, and the devastation of its original route that was mainly composed of the Mixed Ombrophilous Forest, in addition to the Semideciduous Seasonal Forest. It is proposed to investigate how the establishment of a society formed by deforested migrants, in about 40 years, more than 3 million araucarias (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze), among other plant species, replaced regional forests with rural and urban areas. It is observed that before the 1930s, when the decade was predominantly inhabited by the Kaingang, Guarani, and cabocla societies, the management of nature had the impact on those that the presence of colonizing agents provided through the deforestation of forests. The environmental devastation had three main reasons. One of the reasons was related to the perception of real estate companies and sawmills about the roof as an industrialized resource with high economic value. Despite a similar perception to the other colonizing agents regarding trees, among the colonizers, as predatory practices occurred with the sale of wood and intending to develop agricultural activities in forested areas, in some, and, in others, as strategy maintenance of land tenure in litigation against companies that have seized real estate, forming the other two parts of the two parties. From the perspective of global environmental history, sources researched in forums, city halls, city councils, local archives, and the National Archives of the Ministry of Justice were analyzed. From the documentation, it was conceived that the legal penetration of logging companies in the Southwest began in the municipality of Palmas/PR in 1935 and that social conflicts such as the Revolta dos Colonos de 1957 had as preponderant factors the dispute over land and trees and that other socio-environmental tensions arising from disputes of this kind were not resolved with the action of the Executive Group of Lands for the Southwest of Paraná, which had its jurisdiction limited to the Missões and Chopim plots. Several situations of land grabbing and araucarias in the Mangueirinha Indigenous Reserve and the Missões, Chopim, and Chopinzinho properties set off a scenario marked by violence and socio-environmental terror in which the devastation was normalized and socially accepted through political and economic interests, although there was public clarification, since the end of the 1940s, about the accelerated decrease and accentuated risk of extinction of the populations of millenary species such as the araucaria, which occupied the Southwest for at least 13,400 years before the present. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2022. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/244448 |
Date: | 2022 |
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