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A segurança do paciente durante o cuidado em saúde é um tema discutido há mais de duas
décadas e permanece presente nos serviços de saúde, considerando os desafios constantes para
minimizar os riscos aos quais os pacientes estão submetidos. A pandemia por COVID-19
desafiou os profissionais de saúde a sistematizar o cuidado, na perspectiva da segurança do
paciente, sobretudo no processo de comunicação e informação. Nesse sentido, esta pesquisa
objetivou analisar a segurança do paciente internado por COVID-19 em hospital universitário,
com foco nos domínios comunicação, trabalho em equipe e fluxo da informação na
perspectiva do paciente. Trata-se de uma pesquisa transversal, descritiva de abordagem
quantitativa integrante de um projeto de pesquisa multicêntrico desenvolvido em 10 hospitais
universitários brasileiros referência para atendimento de pacientes com COVID-19. O recorte
desta pesquisa circunscreve-se a um Hospital Universitário Federal da região sul do Brasil. A
população consistiu nos pacientes adultos internados em leito de enfermaria, com diagnóstico
de COVID-19, no período entre junho de 2020 a julho de 2021. A coleta de dados ocorreu
entre abril e dezembro de 2021 mediante a realização de 74 entrevistas por contato telefônico
com base no instrumento Patient Measure of Safety (PMOS). O cálculo amostral considerou
margem de erro de 0,3 pontos, desvio padrão de 1,28 e nível de confiança de 95%. O banco
de dados foi organizado a partir da planilha gerada pelo Google Forms®, transposto para o
Programa Excel® for Windows. Para a análise de dados utilizou-se o software STATA versão
14.2. Foi aplicada estatística descritiva, utilizando a média aritmética e frequência relativa e
absoluta para variáveis categóricas. Os resultados foram obtidos a partir da pontuação para
cada domínio do questionário PMOS, calculando-se a média das respostas para todos os itens
que compõem o domínio, obtendo-se um escore médio do PMOS entre 1 e 5. A pesquisa
seguiu os preceitos éticos, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos. As características sociodemográficas dos participantes demonstram que houve
maior participação de homens (54,8%), idade entre 18 e 59 anos (68,5%), com ensino médio
completo (47,9%), de raça branca (72,6%). A maioria passou por internação em UTI (54,2%)
e não fez uso de ventilação mecânica invasiva (59,7%). As comorbidades mais prevalentes
entre os pacientes foram hipertensão arterial sistêmica (45,8%) e obesidade (38,9%). A
avaliação dos domínios do questionário PMOS atingiu média geral 4,0, o que indica
percepção geral positiva. A maior média obtida foi no domínio 1 - Comunicação e trabalho
em equipe (4,24) e a segunda menor, no domínio 5 - Fluxo da informação (3,73). 96% dos
participantes consideraram que foram tratados com dignidade e respeito, pergunta não
associada aos domínios do PMOS. Ressalta-se que o item que recebeu menor média (2,9) se
refere à necessidade da equipe aguardar os resultados de exames de pacientes, item do
domínio 5 - Fluxo da informação. Considera-se que os resultados demarcaram uma percepção
geral positiva acerca da segurança do paciente mesmo diante do contexto mundial de
pandemia pela COVID-19. Corroborou-se que o PMOS é capaz de identificar fragilidades
latentes na assistência a partir da percepção do paciente acerca do seu cuidado. O
desenvolvimento do estudo contribuiu para o avanço da participação ativa do paciente no seu
cuidado, no sentido de mobilizar o assunto no meio acadêmico, assistencial e, sobretudo,
entre pacientes e familiares. |
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