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O ambiente alimentar do consumidor pode ser conceituado de acordo com o número e os tipos de estabelecimentos, além da disponibilidade, localização, publicidade e acessibilidade dos alimentos nestes estabelecimentos. Este estudo teve como objetivo avaliar o ambiente alimentar do consumidor (em termos de disponibilidade, preço, publicidade de alimentos), em estabelecimentos de comercialização de alimentos localizados no entorno de escolas públicas municipais de um município de pequeno porte do Sul do Brasil. Para tal, foi realizada auditoria in loco no entorno de três escolas participantes da pesquisa, identificando os estabelecimentos de comercialização de alimentos localizados no buffer pré-estabelecido de 800m, e que efetivamente estavam em funcionamento. Uma dupla de pesquisadores transitou pelo território, e com o auxílio de equipamento de GPS (Global Positioning System), realizou o registro da latitude e longitude dos estabelecimentos de comercialização de alimentos. Para a realização da auditoria em cada estabelecimento foi aplicada uma versão resumida de um instrumento validado (AUDITNOVA), que avalia o ambiente alimentar em termos de disponibilidade, preço, publicidade de alimentos nos estabelecimentos. Os estabelecimentos comerciais foram agrupados nas seguintes categorias, grupo 1: com a venda predominante de alimentos in natura, (compostos por peixarias, hortifrutigranjeiros, açougues); grupo 2: estabelecimentos mistos, onde a venda de alimentos ultraprocessados é superior a 50% da venda total, (compostos por hipermercados, padarias, varejistas de laticínios, varejistas de produtos alimentícios em geral); grupo 3: varejistas de alimentos com predominância de venda de alimentos ultraprocessados (lojas de conveniências, varejistas de doces). Estes estabelecimentos foram avaliados por meio de ferramenta validada, que pontua a saudabilidade do ambiente alimentar do consumidor, denominada como Consumer Food Environment Healthiness Score (CFEHS), composta por duas dimensões, uma relacionada à disponibilidade de alimentos e preço promocional, nomeada como dimensão alimentar, e a outra relacionada à publicidade, denominada dimensão do ambiente. Para as análises foi padronizada uma escala de 0 a 100 pontos, sendo que quanto mais alta a pontuação (próximo de 100), mais saudáveis são considerados os estabelecimentos varejistas de alimentos. Os dados foram analisados no programa estatístico Stata versão 16.0. O estudo auditou 21 estabelecimentos de comercialização de alimentos, sendo 47,62% (10) mercados de bairro, 23,81% (5) padarias, 14,29% (3) açougues/peixarias, 9,52% (2) sacolões/hortifrutis privados e 4,76% (1) supermercado. O CFEHS identificou que sacolões/hortifrutis privados apresentaram maior oferta de alimentos da categoria in natura e minimamente processados (scores 72,02), enquanto que menores scores desta categoria de alimentos (scores 28,28) foram encontrados em padarias. Verificou-se que em relação à disponibilidade de alimentos ultraprocessados, os alimentos mais presentes foram bebidas açucaradas (refrigerantes, néctar, refresco em pó) e balas, chocolates e biscoito recheado, em 95,2% e 85,7% dos estabelecimentos auditados, respectivamente. Os ingredientes culinários, compostos por óleo, azeite, sal, açúcar cristal, açúcar refinado, manteiga, foram encontrados em 95,2% dos estabelecimentos auditados. Sugere-se a realização de mais estudos de auditoria do ambiente alimentar do consumidor no entorno de escolas para ampliar a compreensão da relação entre o acesso, disponibilidade, preços e propagandas dos alimentos de modo a subsidiar a construção de estratégias que visem a melhoria das condições de saúde da população. |
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