Relações entre apoio social e parentalidade em famílias de crianças entre 3 a 11 anos

Abstract

A presente pesquisa teve como objetivo geral investigar as relações entre o apoio social percebido e a parentalidade em famílias de crianças entre 3 a 11 anos. Suas hipóteses foram embasadas na Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano e no pelo Modelo de Determinantes da Parentalidade de Jay Belsky, que salientam a importância do contexto psicossocial para compreender o exercício parental e o desenvolvimento infantil. Neste estudo, o apoio social percebido é definido como os recursos disponibilizados por outras pessoas em situações de necessidade, podendo ser avaliado pela percepção individual do grau com que as relações interpessoais cumprem funções específicas. Já a parentalidade é definida como as atividades realizadas por pais ou figuras substitutas que promovem o desenvolvimento dos filhos e garantem sua sobrevivência. Trata-se de um estudo transversal e quantitativo com delineamento descritivo, correlacional, comparativo e explicativo. Para o artigo 1 foi realizada uma revisão integrativa para analisar as evidências presentes na literatura sobre as relações entre apoio social e parentalidade. Nessa revisão, constatou-se que o apoio social percebido influencia direta e indiretamente a parentalidade e, na maioria dos estudos, resultou como fator de proteção da parentalidade. Para o artigo 2, com os dados fornecidos por 353 participantes foram conduzidas análises de correlação que revelaram relações positivas entre o apoio social, a renda familiar, a escolaridade dos pais e as dimensões positivas da parentalidade, bem como relações negativas entre o apoio social, a dimensão parental de Coerção e as horas de trabalho doméstico dos homens. Análises comparativas indicaram que os participantes de famílias biparentais e as mães que percebem maior apoio social, em comparação com os que percebem menor apoio, têm filhos significativamente mais novos, renda familiar e escolaridade mais alta, escores mais altos em dimensões positivas da parentalidade e escores mais baixos em práticas de Coerção. No artigo 3 foram usados os dados de 272 mães de crianças com desenvolvimento típico para verificar o efeito moderador dos diferentes tipos de apoio social. Foi verificado que o apoio afetivo exerceu efeito protetivo geral sobre a parentalidade e a protegeu dos efeitos negativos da baixa renda e da desigualdade racial inferida a partir do indicador de raça, mas apresentou efeitos peculiares sobre a predição do número de filhos e do não-cumprimento do distanciamento social durante a pandemia da COVID-19. Os resultados desta dissertação são discutidos à luz das teorias que o embasaram e em relação com outros estudos nacionais e internacionais. Foi evidenciado que o apoio social percebido é um recurso que varia em função de outras variáveis sociodemográficas e contextuais da família; que interage com dimensões específicas do comportamento dos pais; e que protege a parentalidade dos efeitos negativos da vulnerabilidade socioeconômica.

Abstract: This research aimed to investigate the relationship between perceived social support and parenting in families of children of 3 to 11 years old. We based its hypotheses on the Bioecological Theory of Human Development and Jay Belsky's Determinants of Parenting Model, which emphasize the importance of the psychosocial context to understand parenting and child development. In this study, perceived social support is defined as the resources made available by other people in situations of necessity, which can be assessed by the individual's perception of the degree to which interpersonal relationships fulfill specific functions. Parenting is defined as the activities carried out by parents or substitute figures that promote the development of their children and ensure their survival. This is a cross-sectional and quantitative study with a descriptive, correlational, comparative and explanatory design. For article 1, an integrative review was carried out to analyze the evidence in the scientific literature on the relationship between social support and parenting. In this review, we found that perceived social support directly and indirectly influences parenting and, in most studies, resulted as a protective factor for parenting. For article 2, with data provided by 353 participants, correlation analyzes revealed positive relationships between social support, family income, parents' education and the positive dimensions of parenting, as well as negative relationships between social support, the parental dimension of Coercion and the number of hours of domestic work for men. Comparative analyzes indicated that participants from two-parent families and mothers who perceive greater social support, compared to those who perceive less support, have significantly younger children, higher family income, higher education, higher scores in positive dimensions of parenting and lower scores in Coercion practices. In the article 3, data from 272 mothers of children with typical development were used to verify the moderating effect of different types of social support. It was found that affective support had a general protective effect on parenting, as protected it from the negative effects of low income and racial inequality inferred from mothers? racial self-declaration, but it had peculiar effects on the prediction of the number of children and non-compliance of social distancing during the COVID-19 pandemic. I discuss the results of this dissertation in the light of the theories that supported it and in relation to other Brazilian and international studies. I show that perceived social support is a resource that varies according to other sociodemographic and contextual variables of the family; that interacts with specific dimensions of parental behavior; and that protects parenting from the negative effects of socioeconomic vulnerability.