Análise de internações hospitalares por Covid-19 em dois hospitais de Santa Catarina: estudo de coorte

Abstract

Introdução: O impacto da Covid-19 nos sistemas de saúde do mundo todo vem sendo devastador nesta pandemia que já tem sido tratada como a pior da história. Isto porque, antes de haver disponibilidade de vacinas, em torno de 15% dos pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 necessitavam de internação hospitalar. Destes, em torno de 5% apresentavam o quadro grave da doença e evoluíam para internação em Unidade de Terapia Intensiva. Objetivo: Analisar os fatores sociodemográficos e clínicos preditores de óbito de uma coorte retrospectiva de pacientes internados com Covid-19, em dois hospitais do estado de Santa Catarina. Método: Trata-se um estudo de coorte, retrospectivo, quantitativo, de natureza analítica realizado com 799 pacientes internados por Covid-19 em dois hospitais do estado de Santa Catarina. Os dados foram coletados no final do primeiro ano da pandemia, por revisão de prontuários de todas as internações de adultos ocorridas entre 01/04/2020 e 31/12/2020. A apresentação dos resultados deu-se pela estatística descritiva através das distribuições absoluta e relativa, bem como, pelas medidas de tendência central e de variabilidade, com estudo da simetria das distribuições continuas analisada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. A comparação das variáveis contínuas com o desfecho ocorreu pelos testes t-Student e Mann Whitney U. Para a comparação das variáveis categóricas e o desfecho, foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson (?2), empregando a correção de continuidade de Yates. Foi considerado significativo p<0,05. Resultados: Prevaleceram pacientes do sexo masculino n=461 (57,9%), da cor branca (93,4%), idosos n=438 (41,5%), casados ou em união estável 60,8% (n=394), com Ensino Fundamental 60,2% (n= 280). Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus foram as comorbidades mais prevalentes n=273 (34,2%) e n=419 (54,2%), respectivamente. Foram transferidos para a UTI 222 pacientes (27,8%). O desfecho óbito foi constatado em 157 pacientes (19,6%). Diversas variáveis sociodemográficas e clínicas mostraram-se associadas significativamente ao óbito. Conclusão: A idade se constituiu em fator independente preditivo para a ocorrência de óbito e necessidade de internação. Assim, os idosos apresentaram grande vulnerabilidade. Nas faixas de 80 anos ou mais a chance de ir à óbito aumentou para 13 vezes, quando comparado à faixa de idade de até 49 anos.

Abstract: Introduction: The impact of Covid-19 on health systems around the world has been devastating in this pandemic that has already been treated as the worst in history. This is because, before vaccines were available, around 15% of patients with a confirmed diagnosis of Covid-19 required hospitalization. Of these, around 5% had a severe disease and progressed to hospitalization in the Intensive Care Unit. Objective: Analyze factors that predicted death in patients hospitalized with COVID-19, considering sociodemographic and clinical characteristics. Method: This is a cohort, retrospective, quantitative, analytical study. It was conducted with 799 patients hospitalized for Covid-19 in two hospitals in the state of Santa Catarina. Data were collected at the end of the first year of the pandemic, by reviewing medical records of all adult hospitalizations that occurred between 04/01/2020 and 12/31/2020. The results were presented through descriptive statistics through absolute and relative distributions, as well as through measures of central tendency and variability, with a study of the symmetry of continuous distributions analyzed by the Kolmogorov-Smirnov test. The continuous variables were compared with the outcome using the t-Student and Mann Whitney U tests. To compare the categorical variables and the outcome, Pearson's chi-square test (x2) was used, employing Yates' continuity correction, P<0.05 was considered significant. Results: There was a prevalence of males n=461 (57.9%), white (93.4%), and older individuals n=438 (41.5%), married or in a stable relationship 60.8% (n=394), with Elementary School 60.2% (n= 280).The mean age of the patients was 61.5 years (±15.8). The most prevalent comorbidities were hypertension n=273 (34.2%) and diabetes mellitus n=419 (54.2%). A total of 222 patients were transferred to the ICU (27.8%). The death outcome was observed in 157 patients (19.6%). Several sociodemographic and clinical variables had statistically significant associations with death. Conclusion: Age was an independent predictive factor for the occurrence of death and hospitalization. Old people presented greater vulnerability, in the age group of 80 years and over, and the chance of death was 13 times higher among individuals over 80 years old.