Não é chegada a hora de dizer adeus: um modelo de gestão para a evasão no ensino superior

Abstract

O fenômeno da evasão estudantil tem se manifestado com maior intensidade no contexto da educação superior durante as últimas décadas. No sistema educacional brasileiro, aspectos como a expansão e democratização do acesso, associadas às políticas de ações afirmativas contribuíram para elevar o volume de matrículas e modificar o perfil dos estudantes. Consequentemente, as causas, motivos e fatores que incidem sobre a evasão também se alteraram e passaram a exigir dos gestores universitários novas alternativas para controlar a incidência do problema e reduzir os índices de abandono dos cursos de graduação. O presente trabalho tem como objetivo propor um modelo de gestão para a prevenção e o controle da evasão dos estudantes de graduação. A motivação do estudo se deve ao impacto negativo gerado pela evasão estudantil para a administração universitária e as consequências na vida dos estudantes, que, na maioria das vezes, não conseguiram prosseguir nos estudos por força das circunstâncias. Para a construção do modelo de gestão da evasão foram considerados aportes teóricos sobre o tema, tais como concepção de evasão, causas da evasão e formas de intervenção no contexto da educação superior. Além disso, foi necessário estender o olhar para a realidade institucional. A imersão da pesquisadora no contexto empírico possibilitou a captação de informações junto aos gestores, servidores e estudantes, ativos e inativos. Além de ser uma inovação metodológica para a abordagem científica do tema, a pesquisa-ação permitiu avançar na condução e na avaliação de uma série de ações de intervenção sobre o fenômeno da evasão. O roteiro da pesquisa, conduzida na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), foi composto por um projeto estratégico, por meio do qual foi constituída a equipe de trabalho e elaborado o plano de ação para a realização das intervenções. Os profissionais envolvidos formaram uma comissão e cinco grupos de trabalho, os quais foram responsáveis por planejar e conduzir as estratégias de acompanhamento e controle da evasão junto aos estudantes. No decorrer do processo, os envolvidos avaliaram os resultados das ações propostas, auxiliando na construção do modelo de gestão para a evasão. O modelo de gestão proposto tem como eixo central a ação e é composto por, pelo menos, doze dimensões: coordenação, sensibilização, conexão, capacitação, instrumentalização, informação, articulação, avaliação, comunicação, monitoramento, institucionalização e retroalimentação. Essas doze dimensões foram estabelecidas com base na prática institucional, no contexto de análise, e se relacionam entre si de diversas formas, portanto, foram associadas às cinco etapas-chaves do plano de ação construído. Essa associação, entretanto, não condiciona a aplicação do modelo apenas a essas conexões e a esses elementos. A tese da incompletude cognitiva auxilia na compreensão das limitações da representação gráfica para explicar um modelo de gestão associado a um fenômeno tão dinâmico e complexo como a evasão no ensino superior. Portanto, ao ser aplicado em outras instituições que desejam atuar no combate à evasão universitária, o modelo de gestão da evasão proposto pode apresentar outros elementos, conforme a prática institucional trouxer novos insights. Por isso foi adicionada a ideia de movimento no modelo, com o objetivo de explicar a necessidade de transitar entre as etapas-chaves do plano de ação e as dimensões do modelo de acordo com as imposições do contexto real de análise. Esse movimento pode reestruturar as conexões de acordo com as percepções dos especialistas e gestores envolvidos na sua aplicação. Por esse motivo, a pesquisa-ação mostrou-se a metodologia mais adequada para a condução do processo de pesquisa e também de intervenção prática para a elaboração do modelo e sua aplicação na gestão universitária.

Abstract: The phenomenon of student dropout has manifested with greater intensity in the context of higher education during the last decades. In the Brazilian educational system, aspects such as the expansion and democratization of access, associated with affirmative action policies, contributed to increase the volume of enrollments and change the profile of students. Consequently, the causes, motives and factors that influence evasion have also changed and began to demand new alternatives from university administrators to control the incidence of the problem and reduce dropout rates in undergraduate courses. The present work has focus on proposing a management model for the prevention and control of dropout of undergraduate students. The motivation of the study is due to the negative impact generated by student dropout for the university administration and the consequences on the lives of students, who, in most cases, were unable to continue their studies due to circumstances. For the construction of the dropout management model, theoretical contributions on the subject were considered, such as the conception of dropout, causes of dropout and forms of intervention in the context of higher education. In addition, it was necessary to extend the look to the institutional reality. The researcher's immersion in the empirical context made it possible to gather information from university managers, civil servants and students, active and inactive. In addition to being a methodological innovation for the scientific approach to the subject, action research made it possible to advance in the conduction and evaluation of a series of intervention actions on the dropout phenomenon. The research script, conducted at the Federal University of Fronteira Sul (UFFS), was composed of a strategic project, through which the work team was constituted and the action plan for carrying out the interventions was elaborated. The professionals involved formed a committee and five working groups, which were responsible for planning and conducting strategies for monitoring and controlling dropouts with students. During the process, those involved evaluated the results of the proposed actions, helping to build the management model for evasion. The proposed management model has action as its central axis and comprises at least twelve dimensions: coordination, awareness, connection, training, instrumentalization, information, articulation, evaluation, communication, monitoring, institutionalization and feedback. These twelve dimensions were established based on institutional practice, in the context of analysis, and are related to each other in different ways, therefore, they were associated with the five key stages of the constructed action plan. This association, however, does not condition the application of the model only to these connections and elements. The thesis of cognitive incompleteness helps to understand the limitations of graphical representation to explain a management model associated with a phenomenon as dynamic and complex as dropout in higher education. Therefore, when applied to other institutions that wish to act in the fight against university dropouts, the proposed dropout management model may present other elements, as institutional practice brings new insights. For this reason, the idea of movement in the model was added, with the goal of explaining the need to move between the key stages of the action plan and the dimensions of the model according to the impositions of the real context of analysis. This movement can restructure connections according to the perceptions of specialists and managers involved in its application. For this reason, action research has proved to be the most appropriate methodology for conducting the research process and also for practical intervention in the elaboration of the model and its application in university management.