Percepções auditivas em competições equestres: implicações sonoras para humanos e equinos

Abstract

A poluição sonora é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a segunda forma mais dominante de poluição na sociedade. A exposição contínua ao ruído traz diversas consequências negativas à saúde dos humanos e dos animais. Há uma preocupação constante com o aumento da exposição a sons altos em ambientes recreativos, como por exemplo: os eventos esportivos. O objetivo deste trabalho foi descrever a percepção dos frequentadores quanto à perturbação sonora em competições equestres tipo western para equinos competidores e frequentadores. Foram avaliados dois tipos de pistas de competição, com e sem cobertura,para cada tipo três locais diferentes. Houve aquantificação da intensidade de som no ambiente dois tiposde competições: três tambores e laço em dupla. Foram realizadas 240 medições da intensidade do som. Avaliou-se a intensidade do som ambiental, como parâmetro médio 85dB, e o risco relativo (RR) de danos à saúde auditiva dos equinos.O teste do qui-quadrado foi utilizado com intervalo de confiança de 95%. Foram aplicados 112 questionários, que abrangiam dados demográficos,com respostas binominais, comescala Likert e com perguntas abertas,com relação às percepções sobre o ambiente sonoro das competições, perturbações sonoras (para humanos e equinos) e no desempenho esportivo dos equinos.Para a quantidade de ruído registrado foi aplicada a metodologia não paramétrica, avaliada através do teste de Kolmogorov-Smirnov, com 5% de probabilidade ao erro. Para o teste do efeito da cobertura foi utilizado o teste de Wilcoxon (p < 0.05). Para avaliar a diferença do ruído durante entre as provas equestres foi aplicado o teste de Mann-Whitneycom com 95% de confiança. A análise de risco relativo (RR) submetidas ao modelo matemático de regressão de Poisson com estimação robusta da variância. Houve diferença significativa parao volume de ruídos para pistas abertas (63,24 dB) e pistas cobertas(76,76dB).As provas de três tambores (17,1%) tiveram menor ocorrência de intensidade de ruídos, que as provas de laço em duplas (43,2%).As 41 ocorrências representaram 17,08%. O risco relativo em pistas com cobertura foi de 0,162.As percepções dos entrevistados indicam período de permanência, tanto dos animais como humanos, para períodos de tempos superiores aos recomendados, além de identificarem ruídos além dos locais das provas e em intensidade que afetam o bem-estar e o desempenho dos equinos. Os competidores, treinadores e médicos veterinários declararam haver queda de desempenho pelos ruídos. Disseram também nãorealizar treinamentos e habituação com os animais, e que prefeririam competir em ambientes que favoreçam o bem-estar animal. Destacaram a responsabilidade da organização dos eventos em promover um ambiente adequado. A pesquisa identificou que existem riscos para o bem-estar animal pela ocorrência de ruídos em excesso. A percepção dos entrevistados permite concluir que há necessidade de aprimorar os ambientes de competição tanto para os expectadores como para os animais competidores.

Abstract: Noise pollution is considered by the WHO (World Health Organization) as the second most dominant form of pollution in society. Continuous exposure to noise has several negative consequences for the health of humans and animals. There is a constant concern about increased exposure to loud sounds in recreational environments, such as sporting events. The objective of this work was to describe the perception of the regulars regarding the sound disturbance in western equestrian competitions and for equestrian competitors and regulars. Two types of competition tracks, with and without cover, were evaluated by collecting the sound intensity in the environment in two competitions: three drums and double loop. A total of 240 sound intensity measurements were performed. The intensity of the ambient sound was evaluated, as an average parameter of 85dB, and the relative risk (RR) of damage to the hearing health of the horses. The chi-square test was used with a confidence interval of 95%. A total of 133 questionnaires were applied, covering demographic data, and binomial responses, Likert scale and open questions regarding perceptions about the sound environment of competitions, sound disturbances and sports performance. The amount of sound noise recorded was applied to a non-parametric methodology, evaluated through the Kolmogorov-Smirnov test, with a 5% error probability. For the coverage effect test, the Wilcoxon test was used (p < 0.05). To compare the noise difference between equestrian events, the Mann-Whitney test was applied with 95% confidence. Relative risk analysis (RR) subjected to the mathematical model of Poisson regression with robust variance estimation. There was a significant difference for the noise volume for open tracks (63.24 dB) and covered tracks (76.76 dB). The three-drum tests (17.1%) had a lower occurrence of noise intensity above 85 dB than the double loop tests (43.2%). 41 occurrences, this surpassing represented 17.08%. The relative risk on covered lanes was 0.162. The perceptions of the interviewees indicate period of permanence, both for animals and humans, for periods of time longer than recommended, in addition to identifying noises beyond the places of the tests and in intensity that affect the well-being and performance of the horses. Competitors, trainers and veterinarians declared that there was a drop in performance due to noise, they did not carry out training and habituation with the animals, and that they prefer to compete in environments that favor animal welfare. They highlighted the responsibility of the organization of the events to promote a suitable environment. The research identified that there are risks to animal welfare due to the occurrence of excessive noise. The perception of the interviewees allows us to conclude that there is a need to improve competition environments for both audience and competing animals.