Síndrome de Burnout e qualidade de vida em agentes comunitários de saúde do interior do Amazonas

Abstract

INTRODUÇÃO: Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) desempenham função imprescindível nas ações do Sistema Único de Saúde. Durante a jornada de trabalho os ACS estão expostos a diversas situações que desencadeiam desgaste físico e psicológico, que podem interferir na sua qualidade de vida. OBJETIVO: Investigar se a Síndrome de Burnout está associada à pior qualidade de vida em ACS das zonas rural e urbana do município de Coari-AM. MÉTODOS: Foram incluídos ACS de ambos os sexos, admitidos há mais de um ano na Secretaria Municipal de Saúde. Para investigar a Qualidade de Vida foi utilizado o World Health Organization Quality of Life ? WHOQOL-bref, e a Síndrome de Burnout, o Maslach Burnout Inventory. Para comparar as variáveis quantitativas foi utilizado o teste t não pareado e ANOVA-One Way. Para verificar a associação entre Síndrome de Burnout e Qualidade de Vida nos ACS das zonas urbana e rural foi utilizado modelo de regressão linear bruta e ajustada de acordo com as características sociodemográficas. O nível de significância adotado foi de 95%. Todas as análises foram realizadas no pacote estatístico SPSS v.20 (IBM, Armonk, NY, EUA). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas, sob a CAAE 44289315.9.0000.5020. RESULTADOS: 223 ACS participaram da pesquisa, 58,29% da zona urbana; 65,91% do sexo feminino; 65,92% com quadro de Síndrome de Burnout já instalado e 34,08% em estágio inicial. ACS da zona urbana apresentaram escores maiores que os da zona rural no WHOQOL-bref no domínio meio ambiente (p=0,005) e no escore total (p=0,032). Indivíduos com quadro de Burnout em fase inicial apresentaram melhor pontuação no domínio físico (p=0,013) e no escore total (p=0,032) do WHOQOL-bref comparados aos com quadro instalado. Ao realizar a regressão linear bruta e ajustada por características sociodemográficas, o escore geral de qualidade de vida continua sendo maior em ACS da zona urbana. CONCLUSÕES: A presença de Síndrome de Burnout está associada à pior qualidade de vida dos ACS. Todos apresentaram algum grau de Burnout, e os ACS da zona rural apresentaram pior média de qualidade de vida geral que os da zona urbana. Os trabalhadores com quadro clínico de Síndrome de Burnout já instalado também apresentaram pior qualidade de vida em relação aos trabalhadores em estágios iniciais.

Abstract: INTRODUCTION: Community Health Workers (ACS) play an essential role in the actions of the Brazilian Unified Health System. During their workday, ACS are exposed to various situations that trigger physical and psychological exhaustion, which can interfere with their quality of life. OBJECTIVE: To investigate whether Burnout Syndrome is associated with a worse quality of life among ACS in the rural and urban areas of the municipality of Coari-AM. METHODS: ACS of both sexes, who had been working for more than a year in the Municipal Health Department, were included in the study. The World Health Organization Quality of Life - WHOQOL-bref was used to investigate the Quality of Life, and the Maslach Burnout Inventory was used to diagnose Burnout Syndrome. The unpaired t-test and ANOVA-One Way were used to compare quantitative variables. To verify the association between Burnout Syndrome and Quality of Life in ACS in rural and urban areas, a crude and adjusted linear regression model was used according to sociodemographic characteristics. The significance level adopted was 95%. All analyzes were performed using the statistical package SPSS v.20 (IBM, Armonk, NY, USA). The project was approved by the Research Ethics Committee of the Federal University of Amazonas, under CAAE 44289315.9.0000.5020. RESULTS: 223 ACS participated in the research, 58.29% from urban areas, 65.91% female, 65.92% with a Burnout Syndrome diagnosis already installed, and 34.08% in the early stage. ACS from urban areas presented higher scores than those from rural areas in the WHOQOL-bref domain of environment (p = 0.005) and the total score (p = 0.032). Individuals with early-stage Burnout Syndrome presented better scores in the physical domain (p = 0.013) and the total score (p = 0.032) of the WHOQOL-bref compared to those with an installed diagnosis. When performing the crude and adjusted linear regression, the overall score of quality of life remained higher among ACS from urban areas. CONCLUSIONS: The presence of Burnout Syndrome is associated with worse quality of life among ACS. All of them presented some degree of Burnout, and ACS from rural areas presented a worse average of overall quality of life than those from urban areas. Workers with a clinical diagnosis of Burnout Syndrome also presented worse quality of life compared to those in early stages.