Understanding trauma through understanding cognition: (Comprendendo trauma atraves da comprenção da cognição)

Abstract

Apesar dos avanços na criação de construtos diagnósticos para transtornos relacionados ao trauma, não existe, atualmente, nenhum modelo teórico abrangente para o trauma psicológico. Historicamente, as teorias do trauma relacionam o trauma psicológico a fatores biológicos ou intrapsíquicos. Mais recentemente, o trauma é cada vez mais entendido como uma desregulação de processos (neuro)fisiológicos. Modalidades terapêuticas recentes - notadamente Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR) e Experiência Somática (SE) - atribuíram o trauma psicológico ao bloqueio ou desregulação de uma capacidade inata de autorregulação. SE considera essa capacidade inata uma capacidade de processar experiências traumáticas em nível somático; O EMDR considera uma capacidade de processar memórias traumáticas em um nível cognitivo. Ambas as formas de processamento são entendidas como processos (neuro)fisiológicos. Este projeto busca desenvolver um modelo de trauma baseado em uma premissa semelhante de processamento somático e cognitivo. Não procura entender essas duas formas de processamento como processos (neuro)fisiológicos, mas como manifestações de uma forma superior de agência, uma faculdade superior inteligente, criativa e curativa. O Estudo 1 combina uma exploração fenomenológica da cognição com uma investigação aprofundada da ideia de cognição no trabalho epistemológico de Rudolf Steiner. Ele contrasta a ideia de cognição de Steiner com o conceito de cognição usado na ciência cognitiva contemporânea e valida a adaptação da abordagem fenomenológica objetiva de Goethe para a pesquisa psicológica. O Estudo 2 é um estudo observacional qualitativo que analisa relatos em primeira pessoa de clientes com TEPT em tratamento. Método: exploração fenomenológica com base na análise temática. Resultados: (intermediário, com base em 3 participantes) a experiência interior do processamento do trauma revela estágios distintos que podem ser explicados pelo acesso do self à memória traumática. O Estudo 3 é um estudo teórico que primeiro analisa os modelos e teorias históricos e contemporâneos relacionados ao trauma e ao trauma. Posteriormente, um modelo teórico de trauma é desenvolvido com base em: 1) a ideia de que o desenvolvimento humano pode ser explicado como a corporeidade (embodiment) crescente do eu humano, bem como a capacidade crescente do eu de entender o mundo por meio de atos de cognição; 2) a ideia de que experiências traumáticas quando não acessadas pelo eu podem impedir a corporeidade e/ou o ato da cognição e levar à sintomatologia relacionada ao trauma. O processamento do trauma é assim entendido como o agente humano (o eu) recuperando o acesso às áreas somáticas e cognitivas do ser humano nas quais as viii experiências traumáticas permaneceram não acessadas e (re)estabelecendo a corporeidade (no processamento somático) e a compreensão (no processamento cognitivo). em processamento).

Abstract: Despite advances in the creation of diagnostic constructs for trauma-related disorders there exists, at present, no comprehensive theoretical model for psychological trauma. Historically, trauma theories have related psychological trauma either to biological or to intrapsychic factors. More recently, trauma is increasingly understood as a dysregulation of (neuro)physiological processes. Recent therapeutic modalities?notably Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR) and Somatic Experiencing (SE)?have attributed psychological trauma to the blocking or dysregulation of an innate capacity for self-regulation. SE considers this innate capacity an ability to process traumatic experiences on a somatic level; EMDR considers it an ability to process traumatic memories on a cognitive level. Both forms of processing are understood as (neuro)physiological processes. This project seeks to develop a trauma model based on a similar premise of somatic and cognitive processing. It does not seek to understand these two forms of processing as (neuro)physiological processes, but as manifestations of a higher form of agency, a higher intelligent, creative, and healing faculty. Study 1 combines a phenomenological exploration of cognition with an in-depth investigation of the idea of cognition in the epistemological work of Rudolf Steiner. It contrasts Steiner?s idea of cognition with the concept of cognition used in contemporary cognitive science, and it validates the adaptation of Goethe?s objective phenomenological approach for psychological research. Study 2 is a qualitative, observational study that analyzes first-person accounts of clients with PTSD in treatment. Method: phenomenological exploration based on thematic analysis. Results: (intermediate, based on 3 participants) the inner experience of trauma processing reveals distinct stages that can be explained by the self?s access to the traumatic memory. Study 3 is a theoretical study that first reviews historical as well as contemporary trauma-, and trauma-related models and theories. Subsequently a theoretical trauma model is developed based on: 1) the idea that human development can be explained as the increasing embodiment of the human I, as well as the increasing ability of the I to understand the world by means of acts of cognition; 2) the idea that when traumatic experiences are not accessed by the I, they can impede embodiment and/or the act of cognition and lead to trauma-related symptomology. Trauma processing is thus understood as the human agent (the I) regaining access to somatic and cognitive areas in the human being in which the traumatic experiences remained un-accessed and (re-)establishing embodiment (in somatic processing) and understanding (in cognitive processing).