O efeito de uma simulação de combate a incêndio nas funções vascular e autonômica e no desempenho cognitivo: um estudo randomizado cruzado

Abstract

Durante ocorrências de combate a incêndio as demandas física e cognitiva aumentam. No entanto, o estresse pode diminuir o desempenho cognitivo e aumentar o risco de eventos cardiovasculares em bombeiros. Até o momento os dados sobre o tema são conflitantes. Por isso, este estudo cruzado teve como objetivo avaliar os efeitos de uma simulação de combate a incêndio no desempenho cognitivo e nas funções vascular e autonômica em bombeiros militares. Dezesseis bombeiros (37,8±5,6 anos) foram submetidos a avaliações antropométricas, do estado de saúde mental e da qualidade do sono. Eles realizaram de forma randomizada, em diferentes dias, duas intervenções, Simulação (tarefas de combate a incêndio; 10,0±1,1 min) e Controle (repouso por 10 min). Após ambas as intervenções, o desempenho cognitivo foi avaliado por meio do Stroop Teste, Teste Auditivo Compassado de Adição Seriada e Teste de Trilhas. Em seguida, a função vascular foi avaliada por ultrassonografia por meio da reatividade da artéria carótida ao teste pressor ao frio. A pressão arterial, frequência cardíaca e intervalos cardíacos foram registrados antes das intervenções. Os intervalos cardíacos também foram medidos durante o teste de pressor ao frio. Embora a frequência cardíaca média e máxima tenham sido maiores antes da Simulação (P<0,05), os parâmetros de variabilidade da frequência cardíaca e pressão arterial foram semelhantes antes das intervenções (P>0,05). Após Simulação, o desempenho cognitivo foi semelhante ao Controle, exceto pela melhora no Stroop teste parte B (P<0,05). Após a simulação, a reatividade da artéria carótida foi atenuada (P<0,05). Durante o teste de pressor ao frio, a banda de alta frequência da variabilidade da frequência cardíaca foi menor após a simulação (P<0,05). Embora a simulação de combate a incêndio não tenha alterado substancialmente o desempenho cognitivo, as reduções da reatividade da artéria carótida e da modulação parassimpática ao coração durante o teste de pressor ao frio podem contribuir para maior vulnerabilidade a eventos cardiovasculares em bombeiros de plantão.

Abstract: During firefighting events, physical and cognitive demands increase. However, stress can decrease cognitive performance and increase the risk of cardiovascular events in firefighters. So far, data on the subject are conflicting. Therefore, this crossover study aimed to evaluate the effects of a firefighting simulation on cognitive performance and vascular and autonomic functions in military firefighters. Sixteen firefighters (37.8±5.6 years) underwent anthropometry, mental health status, and sleep quality assessments. They randomly performed two interventions, Simulation (Firefighting tasks; 10.0±1.1 min) and Control (rest for 10 min), on different days. After both interventions, cognitive performance was assessed using the Stroop Test, PASAT Test (Paced Auditory Serial Addition Test), and Trail Making Test. Then, vascular function was assessed using ultrasonography through the carotid artery reactivity to the cold pressor test. The blood pressure, heart rate, and cardiac intervals were recorded before interventions. The cardiac intervals were also measured during CPT. Although the mean and maximum heart rate were higher before the Simulation (P<0.05), the heart rate variability parameters and blood pressure were similar before the interventions (P>0.05). After Simulation, the cognitive performance was similar to Control, except for the improvement in Stroop Test part B (P<0.05). After Simulation, carotid artery reactivity was attenuated (P<0.05). During the cold pressure test, the high-frequency band of the heart rate variability was lower after the Simulation (P<0.05). Although firefighting simulation did not substantially change cognitive performance, the lower carotid artery reactivity and parasympathetic modulation to the heart during the cold pressure test may contribute to greater vulnerability to cardiovascular events in firefighters on duty.