Pode o quintal ser resistência?: o trabalho e os saberes das mulheres nos quintais de faxinais do Centro-sul do Paraná

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Pode o quintal ser resistência?: o trabalho e os saberes das mulheres nos quintais de faxinais do Centro-sul do Paraná

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Title: Pode o quintal ser resistência?: o trabalho e os saberes das mulheres nos quintais de faxinais do Centro-sul do Paraná
Author: Almeida, Marisangela Lins de
Abstract: Essa tese busca analisar as relações e interações das mulheres agricultoras com seus locais de morada, trabalho e vida: os faxinais. Existentes no Sul do Brasil, essas comunidades tradicionais constituem-se numa modalidade de campesinato cuja característica básica é uso comum da terra, expressa no criador comunitário. É nesse espaço, convertido em lugar (Tuan, 2013) a partir dos significados atribuídos ao ambiente, que elas produzem, transformam e ressignificam paisagens e, consequentemente, geram resistências à agricultura capitalista e sua racionalidade a partir de suas sabedorias e trabalho nos quintais domésticos agroecológicos. Visando questionar a invisibilidade das mulheres na historiografia e, especificamente, nos estudos que tratam das comunidades tradicionais faxinalenses apresento esse estudo. Para desenvolver a investigação, recorri a fontes escritas, fotografias e à metodologia de História oral. Assim, o estudo que apresento é o resultado de um esforço de interpretação das dinâmicas de gênero e das especificidades sociais e históricas relacionadas a dois faxinais da região Centro Sul do Estado do Paraná: Faxinal Rio do Couro (Irati) e Faxinal do Salto (Rebouças), lócus de interpretação e análise. O estudo abrange o período dos anos finais da década de 1960, quando a fumicultura começa a ganhar espaço na região, seguida pelos monocultivos de soja e eucaliptos, e avança até 2022, ápice das investidas do agronegócio nas terras de faxinais, acentuando mudanças que reduzem consideravelmente a biodiversidade e as possibilidades de reprodução física, social e simbólica das/os faxinalenses. A investigação evidencia que a categoria trabalho, historicamente negada às mulheres do campo, associada a conhecimentos ancestrais e sistemas outros de saber e de ser, produzem um sistema de paisagens nos quintais ? que se constituem em enfrentamentos à racionalidade homogeneizante do agronegócio ? e de resistências, visto que, informam e promovem a biodiversidade, a autonomia e segurança alimentar e nutricional. Essas resistências, apesar de silenciosas e cotidianas (Scott, 2002;2013), não são menos importantes que as formas organizadas e institucionais de resistência e expressão política camponesa frente à agricultura empresarial monocultora. Assim, na trajetória desse debate, recorro a autoras/es situados no campo historiográfico, antropológico, sociológico e geográfico e amparo-me na concepção teórica de gênero, enquanto categoria analítica, argumentada por Scott (1975), de que as diferenças entre homens e mulheres são resultantes de construções sociais, culturais e históricas.Abstract: This thesis seeks to formulate some perceptions about the interaction of women with their place of residence, work and life: the faxinais. These traditional communities constitute a modality of peasantry whose basic characteristic is the common use of the land, expressed in the community creator. It is in this territory, space converted into place (Tuan, 2013) from the meanings attributed to the environment, that they produce, transform and resignify landscapes and, consequently, generate resistance from their knowledge and work, especially in agroecological backyards. In order to question the invisibility of women in historiography and, specifically, in studies dealing with traditional faxinal communities, I use written sources, photographs and the methodology of oral history to develop the investigation. Thus, the study I present is the result of an effort to interpret gender dynamics and social and historical specificities related to two faxinals in the Central South region of the State of Paraná: Faxinal Rio do Couro (Irati) and Faxinal do Salto (Rebouças), locus of interpretation and analysis. The study covers the period of the late 1960s, when tobacco growing begins to gain space in the study region, followed by soybean and eucalyptus monocultures, and progresses until 2021, the peak of agribusiness investments in faxinal lands, accentuating changes which considerably reduce the possibilities of physical, social and symbolic reproduction of the faxinalenses. I argue that the category of work, historically denied to rural women, associated with ancestral knowledge and other systems of knowledge and being, produces a system of landscapes - which are constituted in confrontations with the homogenizing rationality of agribusiness - and of resistances that, despite silent and everyday (Scott, 2002) are no less important than the organized and institutional forms of resistance and peasant political expression, in the face of monoculture business agriculture. In the course of this debate, I resort to authors / s located in the historiographic, anthropological, sociological and geographic field and I rely on the theoretical conception of gender, as an analytical category, argued by Scott (1975), that the differences between men and women are resulting from social, cultural and historical constructions.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2023.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/247808
Date: 2023


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