Política externa dos EUA e a “guerra às drogas” na América do Sul: iniciativas da UNASUL e PROSUL para a dessecuritização do narcotráfico.

Abstract

Desde as primeiras Conferências do Ópio, no início do Século XX, aos tempos atuais, o problema mundial das drogas vem ganhando novas conotações, destacando-se por sua complexidade e seu alcance internacional. Na América do Sul, o cultivo e sintetização de substâncias psicoativas, como a cocaína, colocam o continente sob a mira de políticas e iniciativas antinarcóticas internacionais. Nesse sentido, os EUA ganham posição de destaque ao capitanearem um regime repressivo contra as drogas, tanto para a região sul-americana, quanto para o resto do globo. Dessa forma, este trabalho busca trazer um recorte histórico sobre a influência da política externa dos EUA na problematização das drogas e do narcotráfico em nível mundial. Seguindo essa lógica, é feita uma análise construtivista dos discursos e narrativas estadunidenses que sustentaram estratégias bastante agressivas para o combate ao narcotráfico na América do Sul. Levando em consideração as graves repercussões sociais e políticas causadas pela “guerra às drogas” no continente sul-americano, é oferecido um contraponto ao tradicional modus operandi de enfrentamento ao narcotráfico. Portanto, evidenciam-se as políticas regionais coordenadas por organizações como a UNASUL e o PROSUL, cujas propostas distanciam o problema das drogas da lógica da “guerra às drogas”. Para isso é essencial refletir sobre os conceitos de securitização e dessecuritização, estudados pela Escola de Copenhague, para que se possam assimilar quais são as implicações de tratar um assunto como o narcotráfico através da ótica da segurança internacional.

Since the first Opium Conferences in the early 20th century to the present day, the world drug problem has been gaining new undertones, standing out for its complexity and international scope. In South America, the cultivation and synthesis of psychoactive substances, such as cocaine, place the continent under the scrutiny of international anti-narcotics policies and initiatives. In this regard, the United States takes a prominent position by leading a repressive regime against drugs, both for the South American region and the rest of the globe. Thus, this work seeks to provide a historical overview of the influence of US foreign policy on the problematization of drugs and drug trafficking on a global level. Following this logic, a constructivist analysis is conducted on US discourses and narratives that supported highly aggressive strategies to combat drug trafficking in South America. Taking into account the serious social and political repercussions caused by the "war on drugs" in the South American continent, a counterpoint is offered to the traditional modus operandi of handling drug trafficking. Therefore, the regional policies coordinated by organizations such as UNASUR and PROSUR are highlighted, whose proposals distance the drug problem from the logic of the "war on drugs." To achieve this, it is essential to reflect on the concepts of securitization and desecuritization, studied by the Copenhagen School, in order to understand the implications of addressing a subject like drug trafficking from the perspective of international security.