Transformações estruturais e a participação feminina no mercado de trabalho chinês

Abstract

Este trabalho possui o objetivo de avaliar a relação das transformações estruturais na participação feminina no mercado de trabalho chinês. Tal objetivo justifica-se pela escassez de pesquisas brasileiras sobre o tema e pela necessidade de se discutir as consequências particulares que a transformação estrutural, base do crescimento econômico e desenvolvimento chinês, ocasionou para essa imensa população feminina no mundo do trabalho. Os frutos do sucesso dessas transformações na China aparecem nos dados quando se observa o aumento dos salários médios e a diminuição da pobreza, contudo, questiona-se se pode haver contradições no curso do desenvolvimento socioeconômico chinês que poderiam estar cegas à inclusão das mulheres. Foi utilizada a metodologia de revisão integrativa, por meio do levantamento bibliográfico de artigos, livros e relatórios para o aprofundamento do tema em pauta, assim como uma pesquisa empírica e exploratória com coleta de dados em bases como World Bank Data e Our World in Data. A partir dos trabalhos e estudos científicos e acadêmicos analisados, identificou-se que a taxa de participação feminina na força de trabalho da China está em declínio desde 1990, como também que as mulheres ainda são menos qualificadas, o que pode causar barreiras na incorporação dessa população nos setores produtivos alavancados pelas transformações, os quais demandam muito trabalho, especialmente qualificado. Todavia, destaca-se que pode haver subavaliação das taxas de participação, como também grande quantidade de trabalho informal, sobretudo entre migrantes. Ademais, visualiza-se o ressurgimento do confucionismo e de tradições patriarcais no período pós-reformas econômicas, que carregam noções que limitam as mulheres às tarefas da esfera privada, doméstica e reprodutiva, podendo diminuir o estímulo à escolaridade técnica e superior. Por outro lado, os indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano das Mulheres, e o Índice de Desigualdade de Gênero, apresentam resultados favoráveis às mulheres, demonstrando que pode haver esforços institucionais acompanhando as transformações econômicas, como leis e políticas públicas, que visam minimizar a disparidade entre os sexos na sociedade chinesa. Isto ocorre simultaneamente à redução da participação feminina no mercado de trabalho, o que sugere que, para reduzir efetivamente as desigualdades entre homens e mulheres, a política chinesa precisa ampliar a educação entre as mulheres, viabilizar a participação feminina na força de trabalho de maneira compatível com suas condições e aliviar as mulheres do trabalho doméstico e reprodutivo.

This study aims to assess the relationships of structural transformations on female participation in the Chinese labor market. This objective is justified by the scarcity of Brazilian research on the subject and the need to discuss the particular consequences that structural transformation, as the basis for Chinese economic growth and development, has had on this immense female population in the world of work. The benefits of the success of these transformations in China appear in the data when one observes the increase in average wages and the reduction of poverty. However, one questions whether there may be contradictions in the course of Chinese socioeconomic development that could be blind to the inclusion of women. The integrative review methodology was employed, involving a literature review of articles, books, and reports to deepen the understanding of the topic at hand, as well as an empirical and exploratory research with data collection from sources such as World Bank Data and Our World in Data. Based on the analyzed scientific and academic works, it was identified that the female labor force participation rate in China has been declining since 1990. Furthermore, it was found that women are still less qualified, which can create barriers to the incorporation of this population into the productive sectors driven by these transformations, which demand more labor, mainly qualified. However, it is worth highlighting that there may be an underestimation of participation rates, as well as a large amount of informal work, especially among migrants. Moreover, there is a resurgence of Confucianism and patriarchal traditions in the post-economic reform period, which carry notions that limit women to tasks from the private, domestic, and reproductive spheres, potentially reducing the incentive for technical and higher education. On the other hand, indicators such as the Women's Human Development Index and the Gender Inequality Index present favorable outcomes for women, indicating that institutional efforts may accompany such economic transformations through laws and public policies aimed at minimizing gender disparities in Chinese society. However, simultaneously with these efforts, there is a reduction in female participation in the labor market. This implies that to reduce inequalities more effectively between men and women, Chinese policy needs to expand education among women, articulate the feasibility of female labor force participation in a manner compatible with their conditions, and alleviate them from domestic and reproductive work.