O papel dos exossomos na progressão das leucemias mieloides agudas e da leucemia mieloide crônica: uma revisão narrativa da literatura

Abstract

As leucemias mieloides agudas e a leucemia mieloide crônica consistem em neoplasias mieloproliferativas de grande importância epidemiológica, mas apesar dos avanços no entendimento dos aspectos que envolvem a fisiopatologia e a progressão dessas doenças, muitos elementos ainda não são bem compreendidos. Paralelamente, os exossomos, uma classe de microvesículas secretadas pelas células, emergem como elementos importantes para o processo de comunicação

intercelular, podendo influenciar de maneira significativa o metabolismo das células- alvo. Nesse contexto, os exossomos têm potencial de interferir na progressão de

diferentes cânceres, incluindo as leucemias mieloides agudas e a leucemia mieloide crônica. Tendo em vista a importância epidemiológica assumida pelas leucemias mieloides, o presente trabalho buscou caracterizar essas neoplasias, abordando de forma detalhada os principais aspectos que envolvem a epidemiologia, fisiopatologia, tratamento e prognóstico dessas doenças. Ainda, dada a importância assumida pelos exossomos no contexto das neoplasias, esse trabalho teve como objetivo caracterizar os exossomos, descrevendo sua estrutura, seus complexos mecanismo de síntese, secreção e captação, bem como os aspectos que envolvem a comunicação intercelular. Adicionalmente, diante da limitada literatura disponível em língua portuguesa a respeito dos exossomos e sua relação com as leucemias mieloides, o presente trabalho teve por objetivo levantar, por meio de uma revisão narrativa da literatura, o papel dos exossomos na progressão das leucemias mieloides agudas e da leucemia mieloide crônica, abordando alguns importantes mecanismos já elucidados de atuação dos exossomos na progressão dessas neoplasias. Apesar da escassez da literatura, os trabalhos explorados por essa revisão narrativa apresentaram resultados promissores, descrevendo diferentes formas atuação dos exossomos como promotores da progressão das leucemias mieloides, em mecanismos que envolvem a modulação do microambiente da medula óssea e da resposta imune, a regulação autócrina das células malignas e a transferência de traços de resistência ao imatinibe.

Acute myeloid leukemias (AML) and chronic myeloid leukemia (CML) are myeloproliferative neoplasms of great epidemiological importance. Despite advances in understanding the pathophysiology and progression of these diseases, many

elements are still not well understood. Concurrently, exosomes, a class of cell- secreted microvesicles, emerge as important elements in the process of intercellular

communication, with the potential to significantly influence the metabolism of target cells. In this context, exosomes have the potential to interfere in the progression of different cancers, including AML and CML. Considering the epidemiological importance of myeloid leukemias, this study aimed to characterize these neoplasms, providing a detailed overview of the key aspects involving their epidemiology, pathophysiology, treatment, and prognosis. Furthermore, given the significance of exosomes in the context of neoplasms, this study aimed to characterize exosomes by describing their structure, complex mechanisms of synthesis, secretion, and uptake, as well as the aspects involving intercellular communication. Additionally, due to the limited literature available in the Portuguese language regarding exosomes and their relationship with myeloid leukemias, this study aimed to investigate, through a narrative review of the literature, the role of exosomes in the progression of AML and CML, addressing some important mechanisms that have already been elucidated regarding the action of exosomes in the progression of these neoplasms. Despite the scarcity of literature, the studies explored in this narrative review presented promising results, describing different ways in which exosomes act as promoters of the progression of myeloid leukemias, involving the modulation of the bone marrow microenvironment and immune response, autocrine regulation of malignant cells, and the transfer of imatinib resistance traits.