Apoio da rede de atenção à saúde junto aos pacientes submetidos ao transplante hepático em tempo de pandemia da covid-19: estratégias de cuidado

Abstract

O transplante hepático acarreta diversas alterações clínicas e hemodinâmicas ao paciente transplantado, sendo necessário cuidados específicos desde a internação, perdurando até o âmbito domiciliar. Durante a pandemia da COVID-19, os receptores de transplante ficaram mais susceptíveis à contaminação do vírus SARS-CoV-2, configurando o período em que houve maior número de contaminação e morte. Assim, compreende-se que a continuidade da assistência em saúde, por meio da rede de atenção ao usuário em domicílio em tempos de pandemia da COVID-19, é fundamental para a prevenção de agravos no pós-transplante hepático, em especial na realidade crítica do momento pandêmico. Objetivo: Compreender o apoio desenvolvido pela rede de atenção à saúde junto aos pacientes submetidos ao transplante hepático em tempo de pandemia da COVID-19. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo desenvolvido em uma instituição de saúde pública no sul do Brasil, referência para realização do transplante hepático em Santa Catarina. Para a coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado com quatro questões abertas, relacionadas a desafios e dúvidas apresentadas após o transplante no momento da alta hospitalar no cenário da pandemia. Os participantes foram pacientes maiores de 18 anos submetidos ao transplante hepático entre março de 2020 a outubro de 2021 na referida instituição. Como exclusão: pacientes menores de 18 anos ou que não realizaram atendimento ambulatorial nesta instituição. A análise dos dados ocorreu por meio das etapas propostas por Bardin. Resultados: Participaram do estudo 15 pacientes, idade média foi de 64 anos. Desses n= 9 (60,0%) eram homens e n= 7 (46,6%) tinham como indicação para o transplante hepático cirrose por vírus C. Quanto aos dados qualitativos, foram formadas três categorias: Primeira categoria intitulada: Educação em saúde pela rede de atenção à saúde para prevenção do SARS-coV-2 junto ao paciente submetido ao transplante hepático. A segunda categoria intitulada: Ajustes na logística nos atendimentos da equipe da rede de atenção à saúde em tempos pandêmicos. E a terceira categoria intitulada: Atuação da equipe por meio de estratégias de cuidados para minimizar o risco de contaminação do paciente. Considerações finais: o presente estudo demonstra uma extensa lacuna ocasionada pela pandemia referente a assistência prestada aos pacientes submetidos ao transplante hepático na continuidade do cuidado entre alta hospitalar e retorno ao domicilio. Além disto, observa-se a necessidade de um acompanhamento estruturado e consistente para estes pacientes devido consequências advindas deste período. Ainda, destaca-se o baixo índice de contaminação entre os participantes deste estudo, onde apesar da fragilidade da assistência das redes de saúde, houve a reorganização deles no seu dia a dia. Adaptando-se considerando as suas realidades e as medidas para prevenir a contaminação contra o vírus da SARS-CoV-2.