Análise da relevância do teste de hidrogênio expirado na abordagem clínica da intolerância à lactose: uma revisão sistemática

Abstract

Contexto: intolerância à lactose é uma patologia prevalente entre cerca de 22% a 34% da população, caracterizada pela disabsorção de lactose associada a sintomas gastrointestinais, como diarreia, náusea, distensão e dor abdominal. Para fins diagnósticos, portanto, necessita-se de métodos que evidenciem simultaneamente sintomatologia e disabsorção. Abordagens disponíveis são: atividade da lactase em biópsia duodenal, galactose urinária, gaxilose sérica, genotipagem, teste oral de tolerância à lactose e teste de hidrogênio expirado. Este, empregado de modo não invasivo, mensura os níveis de gás hidrogênio exalado, oriundo da fermentação da lactose pelo microbioma colônico. Objetivos: analisar o emprego do teste de hidrogênio expirado para o diagnóstico de intolerância à lactose. Métodos: consultaram-se os trabalhos disponíveis até 31 de outubro de 2022 nas bases Biblioteca Virtual em Saúde, COCHRANE Library, EMBASE, PubMed, SciELO e Scopus. Aplicados os critérios de elegibilidade, os autores, independentemente, avaliaram manualmente as variáveis e suas respectivas medidas de tendência central em uma planilha no Microsoft Excel®. Resultados: a partir de 50 artigos selecionados, sendo 68% de origem europeia e 46% da década de 2010, evidenciou-se elevada heterogeneidade quanto ao emprego do teste de hidrogênio expirado, com 33 protocolos distintos. Com isso, os trabalhos não determinaram precisamente seus potenciais diagnósticos, vantagens, limitações e eventos adversos de modo homogêneo, inviabilizando análises seguras. Conclusão: constatou-se benefícios que defendem o uso do teste de hidrogênio expirado no diagnóstico de intolerância à lactose. No entanto, a falta de um protocolo norteador e as múltiplas abordagens põem em risco essas vantagens.

Background: lactose intolerance is a pathology prevalent among about 22% to 34% of the population, characterized by lactose malabsorption associated with gastrointestinal symptoms such as diarrhea, nausea, distension and abdominal pain. For diagnostic purposes, therefore, are needed methods that simultaneously show symptoms and malabsorption. Approaches available are: lactase activity in duodenal biopsy, urinary galactose, serum gaxylosis, genotyping, lactose tolerance test and hydrogen breath test. This, used in a non-invasive way, measures the levels of exhaled hydrogen gas, derived from the fermentation of lactose by the colonic microbiome. Objective: to analyze the use of the hydrogen breath test for the diagnosis of lactose intolerance. Methods: the papers available up to October 31, 2022 were consulted in the Virtual Health Library, COCHRANE Library, EMBASE, PubMed, SciELO and Scopus databases. After applying the eligibility criteria, the authors, independently, manually evaluated the variables and their respective measures of central tendency in a spreadsheet in Microsoft Excel®. Results: from 50 selected articles, 68% from Europe and 46% from the 2010s, a high heterogeneity was evidenced regarding the use of the hydrogen breath test, with 33 different protocols. As a result, the studies did not precisely determine their potential diagnoses, advantages, limitations and adverse events in a homogeneous way, making safe analyzes unfeasible. Conclusion: benefits were found that support the use of the breath hydrogen test in the diagnosis of lactose intolerance. However, the lack of a guiding protocol and the multiple approaches put these advantages at risk.