Perfil epidemiológico de casos de hepatite B na Grande Florianópolis entre 2010 a 2020.

Abstract

A infecção pelo HBV é um grande obstáculo na saúde pública global, principalmente devido à alta taxa de progressão para doença hepática crônica avançada com morbidade e mortalidade significativas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2022, calcula-se que um terço da população global possa conter a infecção causada pelo vírus da hepatite B (HBV) e, que também, cerca de 350 a 400 milhões de indivíduos desenvolvem infecção crônica ao longo da vida. Além disso, o HBV impacta em uma série de contextos que vão muito além da saúde física e psicossocial e da condução clínica de cada paciente, estendendo-se à comunidade e às políticas de saúde. Dessa forma, o principal objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil epidemiológico dos casos de hepatite B na Grande Florianópolis, entre os anos de 2010 a 2020, através de dados disponíveis no Sistema de Informações de Agravos de Notificação SINAN. Trata-se de um estudo descritivo de séries temporais realizado a partir de dados secundários registrados no SINAN em que foram analisados os novos casos de hepatite B nos 9 municípios da Grande Florianópolis (Águas Mornas, Antônio Carlos, Biguaçu, Florianópolis, Governador Celso Ramos, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, São José e São Pedro de Alcântara), suas variáveis sociodemográficas (faixa etária, sexo, raça/cor) bem como fonte/mecanismo de infecção e sua forma clínica. Foi observado que nas nove cidades avaliadas, 98,5% dos casos estavam concentrados nos municípios de Biguaçu, Florianópolis, Palhoça e São José, com predomínio de indivíduos do sexo masculino (59,6%), na faixa etária de 20 a 59 anos (86,7%), de etnia branca (83,2%), sendo a principal fonte/mecanismo de infecção a via sexual (45,6%), uma alta taxa de ignorados ou branco (26,1%), e na sua maioria (84,1%) identificados com portadores da doença crônica. Em relação às gestantes, foi constatado uma maior incidência de casos durante o segundo e terceiro trimestre de gravidez (32,6% para ambos, totalizando 65,2%), com prevalência da faixa etária de 20 a 39 anos (84,3%). O estudo permitiu gerar informações que poderão auxiliar a vigilância epidemiológica nos municípios e no estado de Santa Catarina bem como os profissionais da área da saúde para o aprimoramento das ações de controle, prevenção, diagnóstico e tratamento precoce da hepatite B.

HBV infection is a major obstacle in global public health, mainly due to the high rate of progression to advanced chronic liver disease with significant morbidity and mortality, according to the World Health Organization, it is estimated that one third of global population can contain the infection caused by the hepatitis B virus and, that also, about 350 to 400 million individuals develop chronic infection throughout their lives. In addition, HBV impacts in a number of contexts that go far beyond the physical and psychosocial health and the clinical management of each patient, extending to the community and health policies. Thus, the main objective of this study was to evaluate the epidemiological profile of cases of hepatitis B in Grande Florianópolis, between the years 2010 to 2020, using data available in the Information System for Notifiable Diseases - SINAN. This is a descriptive time series study based on secondary data registered at SINAN, in which new cases of hepatitis B in the 9 municipalities of Grande Florianópolis (Águas Mornas, Antônio Carlos, Biguaçu, Florianópolis, Governador Celso Ramos, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, São José and São Pedro de Alcântara), their sociodemographic variables (age group, sex, race/color) as well as the source/mechanism of infection and its clinical form. It was observed that in the nine cities evaluated, 98.5% of the cases were concentrated in the municipalities of Biguaçu, Florianópolis, Palhoça and São José, with a predominance of males (59.6%), aged between 20 and 59 years. (86.7%), of white ethnicity (83.2%), the main source/mechanism of infection being the sexual route (45.6%), a high rate of ignored or white (26.1%), and in the most of them (84.1%) identified with chronic disease carriers. Regarding pregnant women, a higher incidence of cases was observed during the second and third trimester of pregnancy (32.6% for both, totaling 65.2%), with a prevalence in the age group from 20 to 39 years (84.3%). The study made it possible to generate information that could help epidemiological surveillance in the municipalities and in the state of Santa Catarina, as well as health professionals for the improvement of control, prevention, diagnosis and early treatment of hepatitis B.