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O presente trabalho tem como objetivo observar se a Jornada da Heroína proposta por Maureen Murdock, no campo da psicanálise, possui aplicabilidade para o campo dos estudos literários. Para tanto, o foco de nosso trabalho é utilizar as categorias desenvolvidas em A Jornada da Heroína: a busca da mulher para se reconectar com o feminino (MURDOCK, 2022 [1990]) como ferramenta de análise do romance Dôra, Doralina (QUEIROZ, 2020 [1975]). Inicialmente, a propósito de uma contextualização teórica, examinamos a Jornada do Herói, conforme desenvolvida por Joseph Campbell (2007 [1949]) e reformulada, posteriormente, por Christopher Vogler (2015 [2007]). A proposta de Murdock surge como uma crítica ao modelo de Campbell, uma vez que, para ela, esse seria pouco inclusivo ao abarcar apenas protagonistas masculinos. A partir disso, a autora desenvolve uma jornada voltada para mulheres, conforme apresentamos em seguida. Após a introdução dos modelos de Campbell e de Murdock, então, realizamos uma análise de Dôra, Doralina (QUEIROZ, 2020 [1975]). Constatamos que a Jornada da Heroína apresenta características úteis para a análise da obra de Rachel de Queiroz. Porém, verificamos também que é possível problematizar a abordagem de gênero de Murdock. Isso porque, ao compará-la às abordagens de Judith Butler e de C. G. Jung, é possível notar que a Jornada da Heroína surge a partir de categorias próximas às contidas na Jornada do Herói, apesar de Murdock assumir um posicionamento supostamente contrário ao de Campbell. Assim, como consideração final, chega-se à elaboração de que, apesar da Jornada da Heroína se constituir como uma possível ferramenta de análise de romances cujas protagonistas são mulheres, Murdock não parte de uma análise feminista que observa o gênero como formação discursiva. Dessa forma, a Jornada da Heroína ainda não parece se estabelecer como um modelo mais igualitário. |
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