Da mirada colonial à "fotografia do bem-querer": a representação visual de africanos pelas lentes de Arnoux e Lafforgue

Abstract

A fim de legitimar suas presenças, a câmera ocidental representou africanos com base em um imaginário colonial construído sobre o dark continent. A Etiópia, por não ter sido colonizada durante o último quartel do século XIX, registrou uma trajetória distinta na fotografia em comparação a outros países do continente. Todavia, Hippolyte Arnoux, em sua passagem pelo país, valeu-se da “mirada colonial” praticada alhures para fotografar grupos militares abissínios, encontrados em um álbum de 1893. Após a Segunda Guerra, a fotografia humanista surge com práticas que valorizam o fotografado e sua realidade com base em uma prática fotográfica do “bem-querer”, legada aos fotógrafos do século XXI. O presente trabalho tem por objetivo contrapor os dois momentos da fotografia a partir do portfólio The football stars of tomorrow (2012) de Eric Lafforgue. A análise do portfólio permite compreender que, apesar de o colonialismo formal em África ter-se findado, a mirada colonial identificada em Arnoux remanesce, inclusive em fotografias com rótulos humanistas.