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A possibilidade de escassez da água, o elemento mais crítico e essencial para a vida, é
tema de presença obrigatória nas discussões sobre o desenvolvimento de um sistema global
capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender as
futuras gerações, fazendo um balanço entre o consumo demasiado desse recurso finito e a
preocupação com os impactos na natureza devido a sua utilização.
A escassez da água começou a ser discutida a nível global no final da década de 70,
em razão da disseminação de discursos distribuídos pela ONU e pelo Banco Mundial (SILVA
et al., 2011). Anos depois, em setembro de 2015, ainda como resultado das tentativas de
busca pelo desenvolvimento desse sistema global sustentável, surge a Agenda 2030 da ONU
com a proposta de dezessete objetivos que tangem desde a inclusão social à preservação dos
limites da operação humana no planeta. Com foco no sexto Objetivo (Garantir a
disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos) a Agenda
prevê que até 2030 haja um aumento na eficiência do uso da água em todos os setores,
assegurando a retirada sustentável e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez
de água. Nesse sentido, complementa-se com o estresse hídrico (situação na qual a demanda é
maior que a oferta d’água) sendo identificado como um dos principais gargalos para o
crescimento econômico sustentável (MORO et al., 2018).
Dentre os setores que mais fazem uso da água, destaca-se o agronegócio. Dentro do
agronegócio, as cadeias produtivas de aves são intensivas no uso de água, desde a criação até
o processamento. Para ilustrar melhor esse aspecto, afirma-se que para se produzir 1 Kg de
carne de frango no período de engorda (aproximadamente 42 dias), são gastos expressivos
3.000 litros de água (EMBRAPA, 2022). Além de nutriente essencial, a água é utilizada na
higiene das instalações e equipamentos, na melhoria das condições climáticas dentro das
instalações como, veículo de vacinas, medicamentos e nutrientes
(AVICULTURAINDUSTRIAL, 2017).
Dados da cadeia produtiva de aves de corte mostram que ela é de extrema importância
para o Brasil, tanto que, o país foi o líder mundial das exportações de carne de frango, em
2021, transacionando 4,6 milhões de toneladas (TALAMINI & MARTINS, 2022). Um dos
riscos de interromper essa cadeia produtiva é a sensibilidade do setor às mudanças climáticas
e escassez hídrica.
Diante dessa relação do uso intensivo da água nas cadeias produtivas de aves e a
preocupação com um possível cenário de escassez, os gestores das empresas assumem o
importante papel de evidenciar que a utilização do recurso hídrico em seu processo produtivo
é adequada, na mesma medida em que provoca o menor dano ambiental possível. Zeng et al.
(2021) aborda em seu trabalho que a divulgação de indicadores sobre o uso da água pode ser
uma importante oportunidade (legitimidade) e, ao mesmo tempo, um grande desafio
(controle). Becker (2004) adverte quanto à necessidade de mensuração das decisões
ambientais através de indicadores, possibilitando a compreensão adequada por parte de todos
os stakeholders, contribuindo com a gestão da sustentabilidade empresarial. Na opinião de
Labuschagne, Brent e Van Erck, (2005), os indicadores são orientações para uma avaliação
ANAIS
VIII SIMPÓSIO EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Erradicação da
Pobreza e Agricultura Sustentável, Jaboticabal-SP: 14 a 17 de junho de 2023.
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sistêmica, envolvendo o processo de escolha, de interpretação e de definição sobre a forma
mais adequada para a comunicação dos resultados.
Empresas que optam pela divulgação dos indicadores relacionados à sustentabilidade
transformam tal ação em uma prática estratégica para a organização, em razão de gerar uma
vantagem competitiva no mercado a partir da busca de resultados ambientais cada vez
melhores, isso acaba revertendo-se em uma imagem corporativa positiva.
Nesta perspectiva, este trabalho tem como objetivo propor um modelo de evidenciação
da gestão de recursos hídricos aplicado a cadeias produtivas de aves de corte. Este estudo se
justifica pela necessidade de melhorar a gestão de recursos hídricos na cadeia produtiva de
aves de corte e evidenciar pontos que necessitam de melhorias. É esperado que este trabalho
contribua com as empresas e produtores do setor, trazendo uma contribuição ambiental e
lançando luz sobre a definição de políticas públicas que contribuam com o desenvolvimento
sustentável. |
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