Abstract:
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A terapia antirretroviral (TARV) tem sido a forma de se prolongar e garantir
qualidade de vida em crianças e adolescentes com diagnóstico de infecção pelo
vírus da imunodeficiência humana (HIV). Entretanto, crianças e adolescentes com
diagnóstico de infecção pelo HIV podem apresentar menor aptidão
cardiorrespiratória quando comparadas com crianças e adolescentes sem
diagnóstico de infecção e, por conseguinte, maior risco de desenvolverem doenças
cardiovasculares, em decorrência do uso prolongado da TARV e progressão da
infecção pelo HIV. Ademais, o uso prolongado da TARV e a progressão da infecção
pelo HIV podem acarretar na privação do sono, causando prejuízos físicos e
cognitivos. Assim, o presente estudo foi elaborado com o objetivo de investigar a
associação da aptidão cardiorrespiratória e indicadores da rotina de sono (horas de
sono e qualidade do sono) em crianças e adolescentes com diagnostico de infecção
pelo HIV. Estudo de natureza aplicada e características quantitativa, descritiva e
associativa foi realizado com crianças e adolescentes, de ambos os sexos, com
idade de cinco a 15 anos, com diagnóstico de infecção pelo HIV por via de
transmissão vertical (mãe-filho), que realizavam acompanhamento no Ambulatório
Hospital-DIA do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) (Florianópolis, Santa
Catarina). A aptidão cardiorrespiratória foi investigada por meio de teste incremental
de rampa em cicloergômetro (Lode Excalibur Sport, Lode BC, Groningen,
Netherlands) com analisador de gases (Quark PFTergo – Cosmed, Itália), em que foi
aferido o consumo máximo de oxigênio por meio do pico de consumo de oxigênio
(VO2pico), quociente Respiratório (QR), frequência cardíaca máxima, frequência
cardíaca de repouso, volume expiratório e potência pico. A rotina de sono foi
investigada de forma quantitativa e qualitativa por meio de questionário. O panorama
de infecção foi investigado por meio dos prontuários médicos, por meio da carga
viral, contagem de linfócitos CD4 e CD8, razão CD4/CD8, esquema de TARV, tempo
de TARV, diagnóstico de infecção e evolução clínica. A composição corporal foi
investigada por meio da massa corporal, estatura, índice de massa corporal,
percentual de gordura corporal, massa de gordura e massa livre de gordura. Foram
investigadas variáveis descritivas sexo, idade, nível de atividade física moderada e
vigorosa e maturação sexual. A relação entre o VO2pico e as variáveis da rotina de
sono foi investigada por meio de análise de correlação (Correlação de Pearson),
regressão linear simples e análise de variância (ANOVA com pós teste de Tukey).
Dezoito crianças e adolescentes com diagnóstico de infecção pelo HIV (9 do sexo
feminino), com média de idade de 10,61 (± 2,48) anos participaram do estudo. O QR
apresentou correlação significativa com a ̅ de minutos de sono nos dias de semana
(rho = -0,547, p-valor < 0,05) e ̅ de minutos de sono ao longo da semana (rho = -
0,477, p-valor < 0,05), em que quanto maior era a ̅ de minutos de sono nos dias de
semana ou ao longo da semana, menores eram os valores do QR. Por meio da
regressão linear simples se observou que o QR explicou 23,7% da ̅ de minutos de
sono nos dias de semana (0,237; diferença média = -0,012 ml.kg-1
.min-1
; pvalor<0,05]) e 27,8% da ̅ de minutos de sono ao longo da semana (diferença média
= 0,050 ml.kg-1
.min-1
; p-valor<0,05]). Concluiu-se que o VO2pico e a rotina de sono
não apresentavam relação em crianças e adolescentes com diagnóstico de infecção
pelo HIV. Entretanto, acredita-se que o VO2pico e a rotina de sono devem continuar
a ser investigados em crianças e adolescentes com diagnóstico de infecção pelo
HIV, buscando identificar relação destes com outros fatores da rotina diária que
possam influenciar a aptidão cardiorrespiratória e a rotina de sono. |