Processos de Vulnerabilização Social em Florianópolis: Os impactos sociais da Pandemia da COVID-19

Abstract

Neste trabalho, abordamos a Pandemia da COVID-19 a partir do processo de vulnerabilização social no munício de Florianópolis. Para alcançar uma compreensão consistente desse processo, realizamos uma pesquisa bibliográfica sobre a formação da cidade de Florianópolis e as transformações urbanas decorridas ao longo do tempo. A análise dessas informações revelou que o processo de urbanização da Ilha de Santa Catarina e a segregação socioespacial associada exercerem importante influência na distribuição desigual de serviços e equipamentos, e definiram impactos diretos nas populações residentes nos setores mais empobrecidos da cidade. Durante a Pandemia da COVID-19 esse impacto foi bem observado na maior exposição desses grupos sociais à doença, e principalmente na eficácia do isolamento social. Este argumento foi também associado a partir de índices de vulnerabilidade, oriundos do tratamento estatístico de dados sociodemográficos e socioambientais e o mapeamento a partir dos setores censitários. Neste aspecto, foi possível constatar que os setores com os maiores índices de vulnerabilidade, correspondem com as áreas onde residem as populações mais empobrecidas e segregadas, e que forma geral foram as mais afetadas pelos impactos sociais da Pandemia da COVID-19. Fica evidente que é fundamental o desenvolvimento de medidas e políticas públicas para enfrentar a segregação socioespacial, promover a diminuição da vulnerabilidade para as áreas indicadas e os grupos sociais identificados e desenvolver princípios para construção de uma urbanização mais justa e equitativa. Somente assim poderemos lidar efetivamente com a Pandemia da COVID-19, ou com outra ameaça que futuramente possa indicar impactos similares.

In this work, we approach the COVID-19 pandemic from the perspective of social vulnerability in the municipality of Florianópolis. In order to achieve a consistent understanding of this process, we carried out a bibliographical research on the formation of the city of Florianópolis and the urban transformations that took place over time. The analysis of this information revealed that the urbanization process of the island of Santa Catarina and the associated socio-spatial segregation exert an important influence on the unequal distribution of services and equipment and have defined direct impacts on the populations residing in the most impoverished sectors of the region. During the COVID-19 pandemic, this impact was well observed in the greater exposure of these social groups to the disease and especially in the effectiveness of social isolation. This argument was also associated with vulnerability indices, derived from the statistical treatment of socio-demographic and socio-environmental data and mapping from census sectors. In this regard, it was possible to verify that the sectors with the highest levels of vulnerability correspond to the areas where the most impoverished and segregated populations reside and that, in general, they were the most affected by the social impacts of the COVID-19 pandemic. It is evident that it is fundamental to develop measures and public policies to face socio-spatial segregation, to promote the reduction of vulnerability for the indicated areas and identified social groups, and to develop the principles for the construction of a fairer and more equitable urbanization. Only in this way will we be able to deal effectively with the COVID-19 pandemic or with another threat that could indicate similar impacts in the future.