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Existe algo na morte que instiga certa curiosidade, para além do medo, para além da sua angustiante e certa imprevisibilidade. O tempo adquire valor quando se tem conhecimento, e plena certeza, de que existe um fim para todos.A finitude da existência humana é algo que sempre existiu e sempre existirá. O homem busca de todas as formas vencer o fim, seja de sua espécie, de sua família ou de sua própria consciência. Ele cria e constrói coisas muito mais duráveis que seu próprio corpo, numa tentativa não só de produzir, se expressar, mas de permanecer.
Presentes desde os primeiros rituais de culto aos mortos e historicamente estruturados de diversas formas, os espaços sepulcrais constituem um elemento fundamental para o entendimento da relação entre o homem e a morte. Dessa forma, cemitérios, catacumbas e crematórios são elementos essenciais das cidades históricas e metrópoles atuais.
Entretanto, apesar de necessária, a arquitetura fúnebre reflete a persistência do homem em ignorar a sua própria finitude. Nesse contexto, os espaços reservados para os mortos na cidade refletem uma frieza metodológica, constituindo vazios urbanos assépticos e isolados da vida cotidiana. Tais espaços, por mais que cumpram com sua função sanitária, tendem a falhar no acolhimento daqueles envoltos pela dor do luto e na preservação da memória dos falecidos, tornando-os lugares marcados pela perda.
Buscando compreender melhor a relação entre homem e morte, o presente trabalho busca explicitar a concepção projetual de um espaço que acolha os que se foram, e, principalmente, aqueles que permanecem. Nesse sentido, por meio de um levantamento histórico desta relação, pretende-se assimilar seus padrões e inflexões a partir de uma análise arquitetônica dos espaços que visam estruturar de forma material os encargos, as necessidades e as aspirações da espacialidade, além de prestar tributo aos que se foram. |
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