Felicidade no trabalho: as perspectivas de diferentes gerações

Abstract

A presente dissertação, cujo objetivo foi compreender a felicidade no trabalho a partir das percepções de determinados indivíduos de diferentes gerações, foi estruturada por meio de dois estudos subsequentes e complementares. O Estudo 1 trata-se de uma revisão integrativa da literatura que teve como objetivo mapear as produções científicas nacionais e internacionais que contemplavam os temas felicidade no trabalho e diferentes perspectivas geracionais. A busca foi realizada nas bases de dados Scopus, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Google Acadêmico, ao total 21 artigos foram analisados. Os resultados indicaram que o escopo científico sobre o tema é novo e está em desenvolvimento no contexto acadêmico. Tal escassez representou uma oportunidade para o desenvolvimento do Estudo 2, que teve como objetivo compreender como os Baby Boomers, Geração X e Geração Y percebem a felicidade no trabalho. Para tal, foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo, no qual foi realizado um grupo focal com cada geração, abrangendo 12 participantes de uma empresa brasileira de médio porte do setor de condicionamento físico e saúde. Quanto aos resultados, verificou-se que há semelhanças e diferenças entre as gerações. Para os entrevistados da Geração Baby Boomers, a felicidade no trabalho está associada a cooperação, ao respeito e ao papel social; para os entrevistados da Geração X, ela está relacionada a amar o que faz e ao papel social; para os entrevistados da Geração Y, está associada a realização profissional, a amar o que faz e ao reconhecimento. Concluiu-se também que a felicidade no trabalho é um fenômeno complexo, sistêmico e multidimensional, o que pôde ser sustentado pelas 17 subcategorias emergentes da análise das quatro dimensões de felicidade do trabalho, propostas por Silva, Ribeiro, Budde e Tolfo (2017). No que refere-se aos elementos em comum para os entrevistados das três gerações, destacou-se: as promoções de cargo, a importância dos treinamentos e de um bom ambiente físico (Dimensão Material); o trabalho em equipe (Dimensão Relacional); uma conotação positiva do significado do trabalho, a valorização das práticas de responsabilidade social, a identificação com os valores organizacionais (Dimensão Espiritual); e também a autopercepção sobre as qualidades pessoais e a sua aplicação no dia a dia (Dimensão Pessoal). Outros elementos foram citados somente pelos entrevistados da Geração X e da Geração Y, dentre eles estão: um trabalho que proporcione desafios (Dimensão Espiritual), uma remuneração justa e adequada (Dimensão Material) e relacionamentos interpessoais onde permeie a transparência e a liberdade de expressão (Dimensão Relacional). Para os entrevistados da Geração Y, foi evidenciado também a importância da autonomia, amizade (Dimensão Relacional) e do propósito (Dimensão Espiritual); e para os entrevistados da Geração Baby Boomers, o respeito e a confiança (Dimensão Relacional). Por fim, a expectativa é de que estudos como este contribuam para um aprofundamento das discussões e dos avanços em pesquisa sobre a felicidade no trabalho e diferentes gerações, colaborando, também, para que as organizações desenvolvam estratégias que promovam a construção da felicidade laboral, e consequentemente, estimulem a valorização e o bom desempenho de uma força de trabalho multigeracional.

Abstract: The present study aimed to understand the happiness at work from the perceptions of determined individuals from different generations. It was structured through two subsequent and complementary studies. Study 1 is an integrative literature review that aimed to explore national and international scientific productions that addressed the themes of happiness at work and different generational perspectives. The search was carried out in the Scopus, Virtual Health Library, Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Scholar Google databases, and a total of 21 articles were analyzed. The results indicated that the scientific scope on the topic is new and is development in the academic context. This scarce represented an opportunity for the development of Study 2, which aimed to understand how Baby Boomers, Generation X and Generation Y perceive happiness at work. To this end, a qualitative research was carried out, in which a focus group was carried out with each generation, comprising 12 participants from a medium-sized brazilian company in the fitness and health sector. As for the results, it was found that there are similarities and differences between generations. For Baby Boomers, happiness at work is associated with cooperation, respect and the social role; for Generation X, it is about to love what you do and the social role; for Generation Y, it is associated with professional fulfillment, to love what you do and recognition. It was concluded that happiness at work is a complex, systemic and multidimensional phenomenon, which could be supported by the 17 subcategories emerging from the analysis of the four dimensions of happiness at work, proposed by Silva, Ribeiro, Budde e Tolfo (2017). Regarding the common elements for the three generations, stood out: job promotions, the importance of training and a good work environment (Material Dimension); teamwork (Relational Dimension); a positive connotation of the meaning of work, the appreciation of social responsibility practices, identification with organizational values (Spiritual Dimension); and also the self-perception of personal qualities and their application in day by day (Personal Dimension). Other elements were mentioned only by Generation X and Generation Y, among them: a work that provides challenges (Spiritual Dimension), fair and adequate remuneration (Material Dimension) and interpersonal relationships that permeate transparency and freedom of speech (Relational Dimension). For Generation Y, the importance of autonomy, friendship (Relational Dimension) and purpose (Spiritual Dimension) was also highlighted; and for the Baby Boomers, respect and trust (Relational Dimension).Finally, the expectation is that studies like this will contribute to discussions and advances in research on happiness at work and different generations, also contributing for organizations to develop strategies that promote the construction of work happiness, and consequently, encourage the valuation and good performance of a multigenerational workforce.