Entre a calma reta e a inquietude: um estudo da correspondência entre Luis Emilio Soto e Mário de Andrade (1925-1942)

Abstract

Esta dissertação busca contribuir para os estudos literários latino-americanos e da relação artístico-literária entre Argentina e Brasil por meio de uma análise da correspondência entre Luis Emilio Soto e Mário de Andrade. Divide-se em três momentos, sendo o primeiro relativo ao contexto social e literário da época, entre os anos de 1920 e 1930, contextualizando as vanguardas na América-Latina e, principalmente, na Argentina no início do século XX, com atenção especial à grande participação das revistas literárias no processo de união cultural entre os países do continente. Depois, apresenta-se a figura intelectual de Soto através de seu único livro publicado em vida, junto aos conceitos e elementos explorados pelo autor sobre a crítica literária. Por fim, analisa-se o conteúdo das dezoito missivas trocadas entre Soto e Mário no período de 1925 a 1942. Neste último momento, procura-se manter a sequência cronológica da correspondência e subdividir os tópicos para ajudar a compreender os assuntos em relação aos períodos em que as cartas foram enviadas. Abordam-se nesses tópicos o início da relação entre os autores, os elementos de expressão autobiográfica presentes nas cartas e os hiatos temporais sem conversação. O último tópico se destina a uma carta de Soto, em que o argentino questiona Mário sobre a posição dos intelectuais brasileiros frente aos acontecimentos sociais e políticos do início da década de 1930. Como não temos conhecimento de uma resposta por carta de Mário de Andrade, tomamos como base o texto ?A Elegia de Abril? como resposta, mesmo que tardia, ao questionamento de Soto.

Abstract: This dissertation aims to contribute to the field of Latin American literary studies and the artistic-literary relationship between Argentina and Brazil. We present an analysis of this relationship through the correspondence between the Argentine critic Luis Emilio Soto and Mário de Andrade. We seek to establish the social and literary context of the time, between the years 1920 and 1930. This research is divided into three important moments. The first contextualizes the avant-garde movements in Latin America and especially in Argentina at the beginning of the 20th century, along with the significant role played by literary magazines in the process of cultural unification among countries in the continent. Then, we present Soto through his only published book during his lifetime, along with the literary criticism concepts and elements explored by the author. Finally, we analyze the content of the eighteen letters exchanged between Soto and Mário from 1925 to 1942. In this last section, we maintain the chronological order of the correspondence and subdivide the topics to help understand the periods in which the letters were sent. We divided it into a first part that addresses the beginning of the relationship between the authors, followed by interpreting their autobiographical interactions. We then address the last letters and the periods of time without conversation. The last topic is devoted to a letter from Soto, in which the Argentine questions Mário about the position of Brazilian intellectuals regarding the social and political events of the early 1930s. As we do not have knowledge of a response from Mário de Andrade, we take the text \"A Elegia de Abril\" as a response, albeit a late one, to Soto's question.