Telessimulação versus simulação clínica na saúde da criança - efeito na aprendizagem e satisfação dos estudantes de graduação em enfermagem: um estudo quase-experimental

Abstract

Embora a literatura científica aponte benefícios da telessimulação na formação em saúde, é preciso obter mais evidências quanto o seu efeito no processo ensino/aprendizagem em estudantes de graduação em Enfermagem, comparandose à simulação clínica. Objetivo: Analisar o efeito do incremento da disciplina de saúde da criança com a telessimulação ? em termos de aprendizagem cognitiva e satisfação dos estudantes de graduação em Enfermagem - e compará-lo ao efeito do incremento da disciplina com a simulação clínica. Método: Estudo com abordagem quantitativa e desenho quase-experimental, desenvolvido como estudo tipo antes e depois na etapa 1 e estudo com grupo controle não equivalente na etapa 2, , junto a 37 estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem de uma universidade pública do sul do país. Na etapa 1, os dados foram coletados antes e após a intervenção da telessimulação, com acadêmicos da disciplina de enfermagem em saúde da criança, no segundo semestre de 2021 e no primeiro semestre de 2022. Na etapa 2, os participantes da etapa 1 compuseram o grupo experimental e, para o grupo controle, foram utilizados os dados de acadêmicos do mesmo curso, que cursaram a disciplina no período pré-pandêmico (no ano de 2017), selecionados segundo os mesmos critérios do presente estudo, os quais tiveram a experiência da simulação clínica presencial na saúde da criança. Os dados foram analisados mediante estatística descritiva e analítica (bivariada e multivariada por modelos de regressão), utilizando o software R versão 4.1.2 com o uso do pacote GAMLSS, considerando um nível de significância estatística p<0,05. Resultados: Houve aumento de conhecimento no pós-teste, independente do tipo de simulação aplicada, em uma magnitude de 7,0 pontos (p=0,0000), bem como um aumento de 0,22 pontos (p=0,0195) na magnitude do conhecimento para cada ano de idade, apontando que as pessoas de maior idade apresentaram um maior nível de aprendizagem cognitiva. Em termos de satisfação, no grupo da telessimulação ocorreu uma redução relativa de 77,32% (AR=0,2268; IC95%=0,1459 - 0,3527) na sua média e um aumento relativo de 95,27% (AR=1,9527; IC95%=1,1428 - 3,3367) na sua dispersão, em comparação ao grupo da simulação clínica presencial. Não foram observadas correlações significativas entre conhecimento e satisfação dos estudantes. Conclusão: A simulação clínica presencial teve um efeito maior e mais homogêneo apenas na satisfação dos estudantes de enfermagem, pois em termos de aprendizagem, ambas as modalidades de simulação tiveram efeito significativo na aquisição do conhecimento relativo à saúde da criança. Os resultados podem contribuir com as escolhas pedagógicas relativas à formação em enfermagem pediátrica, em especial nos contextos com limitações para a realização de simulações clínicas presenciais.

Abstract: Although the scientific literature points out the benefits of telesimulation in health education, it is necessary to obtain more evidence regarding its effect on the teaching/learning process in undergraduate Nursing students, comparing it to clinical simulation. Objective: To analyze the effect of increasing the child health discipline with telesimulation - in terms of cognitive learning and satisfaction of undergraduate Nursing students - and compare it to the effect of increasing the discipline with clinical simulation. Method: Study with a quantitative approach and quasiexperimental design, developed as a before and after study in stage 1 and a study with a non-equivalent control group in stage 2, with 37 students of the Nursing Graduation Course of a public university in the south from the country. In step 1, data were collected before and after the telesimulation intervention, with students from the child health nursing discipline, in the second half of 2021 and in the first half of 2022. In step 2, the participants in step 1 composed the experimental group and, for the control group, data from academics from the same course were used, who attended the discipline in the pre-pandemic period (in 2017), selected according to the same criteria of the present study, who had the experience of face-to-face clinical simulation in child health. Data were analyzed using descriptive and analytical statistics (bivariate and multivariate by regression models), using the R software version 4.1.2 with the use of the GAMLSS package, considering a statistical significance level of p<0.05. Results: There was an increase in knowledge in the post-test, regardless of the type of simulation applied, in a magnitude of 7.0 points (p=0.0000), as well as an increase of 0.22 points (p=0.0195) in the magnitude of knowledge for each year of age, indicating that older people had a higher level of cognitive learning. In terms of satisfaction, in the telesimulation group there was a relative reduction of 77.32% (AR=0.2268; CI95%=0.1459 - 0.3527) in its average and a relative increase of 95.27% (AR =1.9527; 95%CI=1.1428 - 3.3367) in its dispersion, compared to the face-to-face clinical simulation group. No significant correlations were observed between students' knowledge and satisfaction. Conclusion: The faceto-face clinical simulation had a greater and more homogeneous effect only on the satisfaction of nursing students, since in terms of learning, both simulation modalities had a significant effect on the acquisition of knowledge related to the child's health. The results can contribute to the pedagogical choices regarding training in pediatric nursing, especially in contexts with limitations for carrying out face-to-face clinical simulations.