Abstract:
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O propósito deste estudo foi retratar as características socioeconômicas, clínicas, funcionais e de participação de indivíduos com idades entre um e 14 anos, que apresentam Paralisia Cerebral (PC), na região sul do Brasil. Além disso, buscou-se identificar as principais limitações sociais desta população e comparar os dados encontrados com outras regiões do país. Para compreender o contexto sociodemográfico e características clínicas utilizou-se o formulário “Fatores Contextuais” e o questionário “Topografia” para identificar a área do corpo mais afetada pela PC. A avaliação das habilidades motoras grossas e das habilidades manuais ocorreu por meio do “Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS)” e do “Sistema de Classificação da Habilidade Manual (MACS)”, respectivamente. A “Escala de Mobilidade Funcional (FMS)” foi utilizada para avaliar o tipo de locomoção, enquanto a “Escala de Atividade e Resistência Precoce (EASE)” para mensurar o nível de atividade e resistência física dos PCs. O “Pediatric Evaluation of Disability Inventory Computer Adaptative Test (PEDI-CAT)” foi utilizado para avaliar as capacidades funcionais desta população. Participaram do estudo 31 crianças/adolescentes do gênero masculino (61,29%), com idade entre seis e 14 anos (58,06%). A maioria apresentou quadriplegia (43,33%) bilateral (70%) do tipo espástica (74,19%) com GMFCS V (54,84%) demonstrando maior comprometimento motor. Não houve predominância de nível de MACS. A maioria da amostra possui alguma patologia associada a PC (64,52%), utilizam medicamentos (70,97%), já realizaram cirurgia (70,97%) e aplicação de toxina botulínica (51,61%). Se alimentam via oral (77,42%) e se comunicam por gestos e murmúrios (51,61%). Possuem acesso a equipamentos de posicionamento (83,87%) e mobilidade (64,52%). A grande maioria teve a funcionalidade dentro do esperado para a idade nos domínios atividades diárias (93,10%), mobilidade (100%), social/cognitivo (93,10%) e responsabilidade (75,86%). A maioria apresenta menor resistência a atividades físicas (67,74%) e demonstram restrições de locomoção em casa (61,29%), na escola (61,29%) e comunidade (64,52%). Grande parte recebe amigos em casa (70,97%) e brinca com outras crianças (87,10%). A maioria das famílias reside em Santa Catarina (58,06%), com até três pessoas no domicílio (77,42%). Apresentam uma renda inferior ou igual a três salários-mínimos (77,42%) e recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) (64,62%). A mãe é cuidadora principal (96,77%), com o nível básico de educação (58,06%) e trabalho remunerado (51,61%). A presente pesquisa viabilizou a compreensão de características clínicas, funcionais, socioeconômicas, bem como, de participação. Esses achados podem beneficiar profissionais da saúde, além de serem recursos para os gestores da saúde e educação, sendo que essas informações podem ajudar na criação de políticas públicas, visando a facilitação do acesso a serviços e o aprimoramento da acessibilidade. |