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Funções executivas (FE) são um conjunto de processos que possibilitam ao indivíduo o (auto)controle sobre suas emoções e comportamentos. A avaliação neuropsicológica dessas habilidades ganha importância na medida em que possibilita identificar déficits precocemente, assim como direcionar intervenções para perfis específicos de dificuldades e subsidiar prognósticos mais precisos. No contexto nacional há carência de instrumentos para a avaliação dessas habilidades em algumas faixas etárias, como a pré-escolar. Nesse sentido, esse estudo teve como objetivo colaborar na adaptação transcultural de dois instrumentos internacionalmente utilizados para avaliação de componentes das FE e investigar, de modo preliminar, sua capacidade de discriminação de crianças em diferentes níveis de escolaridade e relação com variáveis sociodemográficas. Participaram dois “especialistas”, psicólogos, com doutorado em psicologia/avaliação psicológica, experiência clínica e de pesquisa em neuropsicologia infantil, os quais colaboraram na etapa de tradução e adaptação dos instrumentos; e 66 crianças pré-escolares, com desenvolvimento típico, sendo 45 do nível GT4 (idade média= 4,95 anos, DP = 0,66) e 21 do GT5 (idade média= 4,95 anos, DP = 0,66). Os instrumentos foram o Dimensional Change Card Sort (DCCS), utilizado sobretudo para avaliação da flexibilidade cognitiva, e Gift Wrap Task (GT), uma tarefa ecológica com demanda principal sobre o controle inibitório, além de um questionário de identificação para pais. Após processo de adaptação para o português do Brasil, a partir de etapas de tradução por especialistas, síntese das versões traduzidas e análise da síntese para fechamento de versão, os instrumentos foram aplicados às crianças, na própria escola, pela equipe de pesquisa. Verificou-se nos resultados da investigação das versões dos instrumentos que a maioria dos participantes teve sucesso na Tarefa do Presente (TP) sem realizar o comportamento de espreita. O nível escolar GT5 obteve melhor desempenho, com menos espreita e maior escore no índice de comportamento de espreita em comparação ao GT4, denotando maior controle do comportamento. O nível escolar influenciou significativamente na frequência de espreita e no tempo de latência na TP, com o GT5 apresentando melhores resultados nesses indicadores. No Desafio de Ordenação de Cartões (DOC), todos tiveram bom desempenho na primeira etapa. As etapas 2 e 3 foram, sucessivamente, mais difíceis para crianças tanto do GT4 quanto do GT5, demonstrando aumento na demanda cognitiva da tarefa. No entanto, não houve diferença significativa nos desempenhos em função do nível de escolaridade. A renda familiar correlacionou-se positivamente com o desempenho na parte 2 do DOC e com índice DOC2-DOC1 (desempenho na parte 2 – parte 1), sugerindo que crianças de famílias com maior renda tiveram melhores resultados na etapa do teste após a mudança de regra. O estudo possibilitou a investigação preliminar da qualidade de duas novas medidas de FE, sugerindo evidências de validade a ambas. Estudos futuros deverão aprofundar essas investigações, com amostras ampliadas e mais heterogêneas. |
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