Abstract:
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A ventosaterapia consiste na aplicação de copos com pressão negativa sob a pele, a fim de promover a diminuição da dor musculoesquelética a curto termo. No entanto, os efeitos adversos (EA) são variados e carecem de estudos com desenhos metodológicos robustos acerca de sua caracterização, segurança e efetividade. O objetivo desse estudo foi registrar efeitos adversos relatados por indivíduos após ventosaterapia seca sob diferentes pressões na região cervical. Trata-se de um estudo prospectivo de braço duplo randomizado com participantes e avaliadores cegos. Após consentir com critérios de inclusão e exclusão (via Google Forms, e assinatura do TCLE, a amostra passou por avaliação inicial (Sexo, Idade, Índice de massa corporal, Escala numérica de dor (END)) e foi randomizada entre 2 grupos de ventosaterapia seca com diferentes pressões: -150 e -300 milímetros de mercúrio (mmHg). As ventosas, aplicadas em 3 pontos padronizados na área cervical, foram retiradas após 5 minutos, sendo solicitado ao participante analisar o aspecto local em um espelho, a fim de manter o cegamento do avaliador. Imediatamente após a aplicação, deu-se a reavaliação seguida por acompanhamentos via Google Forms 24 e 72 horas depois. Nestes, foram avaliados a END e EA. A amostra inicial foi composta por 53 participantes, idade 24,03 (6,68), IMC 23,83 (3,64). Ao final, 30 participantes completaram todas as etapas. Na END, o grupo -300mmHg mostrou diferença clínica significativa na comparação início/acompanhamentos de 24 e 72 horas, ao contrário do grupo -150mmHg. O número de participantes com EA no grupo -300mmHg permaneceu menor àquele sem EA relatados ainda no último acompanhamento; no grupo -150mmHg isso se reverteu na reavaliação. Ambos os grupos sentiram dor local durante a aplicação das ventosas. Sensações como "fisgadas" e dor irradiada, também foram relatadas em ambos os grupos. Após a aplicação, os efeitos adversos diminuíram. No grupo -300mmHg, hematomas foram notavelmente presentes; calor e ardência aumentaram. Após 24 horas, hematomas persistiram no grupo -300mmHg, e sintomas de dor de cabeça aumentaram em ambos os grupos. Após 72 horas, EA permaneceram em maior parte no grupo -300mmHg (hematoma e/ou dor). Conclui-se que maiores níveis de pressão podem estar associados à diminuição da intensidade da dor a curto termo e à ocorrência maior e prolongada de efeitos adversos, porém novos estudos são necessários. |