Ambiente de prática profissional da enfermagem em unidades de pronto atendimento na pandemia por COVID-19

Abstract

Objetivo: Avaliar o ambiente de prática e levantar indícios de Burnout nas equipes de enfermagem que trabalharam nas Unidades de Pronto Atendimento, em Joinville, Santa Catarina, durante a pandemia COVID-19. Metodologia: Pesquisa transversal, quantitativa, realizada com a equipe de enfermagem que atua em duas Unidades de Pronto Atendimento em Joinville. Participaram da pesquisa enfermeiros e técnicos de enfermagem, que tiveram acesso aos instrumentos de coleta de dados, os questionários Practice Environment Scale e Jbeili, para avaliação do ambiente de prática profissional e a identificação preliminar da Síndrome de Burnout e o questionário de Caracterização Pessoal e Profissional. As variáveis categóricas, como as sociodemográficas, e os itens dos questionários estudados, foram representados pela frequência absoluta e relativa. As variáveis quantitativas, como por exemplo, as dimensões do PES e do Burnout, foram representadas pela média e desvio-padrão, mediana e intervalo interquartílico (mediana [P25; P75]), mínimo e máximo. As proporções das variáveis estudadas foram comparadas entre os grupos pelo teste de qui-quadrado. As análises foram realizadas no IBM SPSS versão 25. Resultado: Participaram 124 enfermeiros e técnicos de enfermagem, as variáveis sociodemográficas prevalentes foram o sexo feminino, média de idade de 41,07 anos, cor de pele branca, com tempo de vivência na Enfermagem superior a 10 anos, e estatutários. Na média geral das 5 subescalas, o ambiente de prática foi considerado desfavorável, ou seja, em 03 subescalas apresentando média inferior a 2,5. Dos 124 participantes da pesquisa, todos apresentaram fatores de risco com possibilidade de desenvolver Burnout, isto é, obtiveram pontuações no questionário JBeili superior a 20 e 60% pontuação de 41 a 60 pontos, que é considerada fase inicial da síndrome, e outros 20% dos profissionais alcançaram pontuação entre 61 a 80 pontos, que representa o começo da instalação da síndrome. Para os enfermeiros, as dimensões ?Habilidade, liderança e suporte? e ?Relações colegiais entre equipe de enfermagem e médicos? foram avaliadas favoráveis ao ambiente de prática profissional. Em relação às dimensões ?Participação dos enfermeiros na discussão dos assuntos hospitalares?, ?Fundamentos de enfermagem voltados para a qualidade do cuidado? e ?Adequação de equipe e de recursos?, avaliação dos enfermeiros foi semelhante à dos técnicos de enfermagem, que atribuíram notas inferiores a 2,5, ou seja, desfavorável ao ambiente de prática. Conclusão: A pandemia COVID-19 trouxe impactos ao bem-estar físico e emocional a todos, em especial, aos profissionais de saúde. O ambiente de práticaprofissional influencia tanto no bem-estar do profissional quanto em sua capacidade em proporcionar um cuidado de excelência. Este estudo reforça achados encontrados em outras pesquisas nacionais e internacionais quanto ao sofrimento psíquico do profissional de saúde durante a pandemia COVID-19, facilitado pelas fragilidades e deficiências encontradas nos sistemas de saúde como um todo, além da morbimortalidade e danos causados pela COVID-19, alertando para a necessária urgência no investimento em um ambiente profissional que seja favorável à prática laboral, apoio psicológico e disponibilidade de recursos que possibilitem a execução das atividades profissionais, a fim de evitar distúrbios psíquicos no profissional da enfermagem e possibilitar um cuidado de excelência ao paciente.

Abstract: Objective: To evaluate the practice environment and raise evidence of Burnout in the nursing teams that worked in the Emergency Care Units, in Joinville, Santa Catarina, during the COVID-19 pandemic. Methodology: Cross-sectional, quantitative research, carried out with the nursing team that works in two Emergency Care Units in Joinville. The participants were nurses and nursing technicians, who had access to data collection instruments, the Practice Environment Scale and Jbeili questionnaires, for preliminary identification of Burnout Syndrome and the Personal and Professional Characterization questionnaire. Categorical variables, such as sociodemographic variables, and the items of the studied questionnaires, were represented by absolute and relative frequency. Quantitative variables, such as the dimensions of PES and Burnout, were represented by mean and standard deviation, median and interquartile range (median [P25; P75]), minimum and maximum. The proportions of the variables studied were compared between groups using the chi-square test. The analyzes were carried out in IBM SPSS version 25. Result: 124 nurses and nursing technicians participated, the prevalent sociodemographic variables were female, mean age of 41.07 years, white skin color, with experience in higher nursing to 10 years, and statutory. In the general average of the 5 subscales, the practice environment was considered unfavorable, that is, in 03 subscales presenting an average lower than 2.5. Of the 124 research participants, all had risk factors with the possibility of developing Burnout, that is, they obtained scores in the JBeili questionnaire greater than 20 and 60% scored from 41 to 60 points, which is considered the initial phase of the syndrome, and another 20% of professionals reached a score between 61 and 80 points, which represents the beginning of the syndrome. For nurses, the dimensions ?Skill, leadership and support? and ?Collegial relations between nursing staff and physicians? were assessed as favorable to the professional practice environment. Regarding the dimensions ?Nurses' participation in the discussion of hospital matters?, ?Nursing fundamentals focused on quality of care? and ?Adequacy of staff and resources?, the nurses' evaluation was similar to that of the nursing technicians, who attributed grades below 2.5, that is, unfavorable to the practice environment. Conclusion: The COVID19 pandemic impacted the physical and emotional well-being of everyone, especially health professionals. The professional practice environment influences both the wellbeing of professionals and their ability to provide excellent care. This study reinforces results found in other national and international research regarding the psychological distress of health professionals during the COVID-19 pandemic, facilitated by the weaknesses and deficiencies found in health systems at all, in addition to morbidity and mortality and damage caused by COVID-19 , alerting to the urgent need to invest in a professional environment that is favorable to work practice, psychological support and availability of resources that enable the execution of professional activities, in order to avoid psychological disorders in nursing professionals and provide excellent care to the patient.\"