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A partir da escuta do discurso de ideação suicida em uma experiência de estágio clínico amparado pela psicanálise, o tema do suicídio foi escolhido como ponto de aprofundamento para a pesquisa de Iniciação Científica. Portanto, durante esse ano, pesquisei junto à minha orientadora, o tema do suicídio a partir da psicanálise, relacionando-o com o corpo e investigando como aparece em algumas obras literárias importantes como manifestações culturais. Dessa experiência e das referências coletadas na pesquisa, justifica-se o tema, devido à frequência com a qual aparece em consultórios de psicologia, ao mesmo tempo em que é silenciado no discurso social, por ser considerado um tabu.
As atividades realizadas junto ao laboratório consistiram na participação de reuniões quinzenais, participação e organização de eventos científicos e grupos de estudo, monitoramento e divulgação das atividades do LAPCIP nas redes sociais e acompanhamento de emails, além da produção de um artigo científico, que incluiu uma revisão bibliográfica, diário de campo da pesquisa e exploração de obras de arte sobre o tema investigado. Optamos por não realizar entrevistas com artistas, utilizando as obras literárias e a experiência de escuta clínica como fontes primárias a partir das quais foram derivadas reflexões.
O presente trabalho apresenta reflexões sobre o suicídio como saída para a angústia, embasado na teoria psicanalítica, bem como em uma revisão bibliográfica sobre o tema ‘suicídio e psicanálise'. A partir da coleta de artigos, foi possível traçar um panorama de como o suicídio é abordado em artigos amparados pela psicanálise freudo-lacaniana, publicados de 2010 a 2023, em revistas científicas virtuais de livre acesso. Utilizamos como método de pesquisa e de análise de dados a escuta flutuante e recorte de significantes, pinçando aquilo que mais se repetia nos artigos coletados em relação à incursão teórica realizada concomitantemente.
Como resultados obtidos a partir da pesquisa pode-se mencionar a reflexão sobre o corpo como separado - na fantasia - da consciência, esta separação entre o ‘corpo-carne’ que morre e o ‘eu’ que mata. Ainda explorando o que a psicanálise pode dizer sobre o suicídio a partir dos conceitos de passagem ao ato e acting-out, discutiu-se os pensamentos de morte não como manifestações de loucura (como frequentemente são percebidos), mas como questões que atravessam a todos/as, o que reitera a importância de se colocar o tema em pauta em relação ao movimento da luta antimanicomial. A psicanálise, como cura pela fala em associação livre, apresenta ao sujeito a possibilidade de transformar em discurso isso que, metonimicamente, aparece como desejo de morte, saída da cena da fantasia. A partir da tomada de uma posição curiosa frente ao sujeito e da escuta e testemunho desta angústia, torna-se possível o acolhimento do discurso suicida como mensagem e a vazão da angústia através da palavra, a simbolização disso que, quando não ouvido, pode tornar-se ato. |
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