Abstract:
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Apesar de sua grande diversidade estimada e importância na manutenção dos ecossistemas naturais, menos de 5% da Funga é atualmente conhecida. Os campos de altitude são ecossistemas terrestres naturais inseridos no mosaico vegetacional dos biomas Pampa e Mata Atlântica. Essas formações são negligenciadas e ignoradas em discussões e medidas de conservação, e portanto sofrem ameaças por atividades antrópicas. Estas áreas são submetidas a constantes distúrbios em práticas de manejo que envolvem a utilização de fogo e pastejo. O fogo é considerado um importante fator no controle da dinâmica entre campos e florestas, porém seu uso é controverso. No solo, a Funga é condicionada por fatores bióticos e abióticos de seu habitat, sendo portanto potencialmente afetada pelas práticas de manejo aplicadas nos campos de altitude. A Funga presente nos solos dessas áreas também é historicamente negligenciada, especialmente nas formações presentes na Mata Atlântica, que se diferem das ocorrentes no Pampa. Diante disso, é de extrema importância caracterizar a Funga presente no solo dos campos de altitude da Mata Atlântica através de metodologias que permitam um acesso completo à diversidade de fungos, assim como entender quais são as respostas da Funga do solo em frente ao manejo aplicado nos campos de altitude. Para este objetivo, as atividades do projeto foram conduzidas da seguinte maneira: i) expedições a campo e amostragem parcial das áreas experimentais alocadas no Parque Nacional de São Joaquim, ii) Realização das técnicas de biologia molecular (triagem e preparo de amostras, extração e quantificação de DNA total) e envio das amostras para sequenciamento iii) Tratamento bioinformático (controle de qualidade das sequências geradas) iv) Anotação taxonômica e controle de qualidade das anotações v) Análises ecológicas a partir das sequências geradas (construção de tabelas de abundância, cálculo de riqueza de gêneros e dissimilaridade das comunidades de fungos presentes nas amostras). Foram coletadas 36 amostras de solo em áreas de campo de altitude no Parque Nacional de São Joaquim (Etapa 1 - 1º ciclo PIBIC 2021/2022). Todas as amostras foram submetidas a extração de DNA total, quantificação, inferência de pureza e sequenciamento de alto rendimento. Foram geradas 3,638,386,062 amostras, das quais 2,245,929 passaram nos filtros de qualidade e 149,570 foram consideradas sequências com alinhamentos de alta qualidade para a região espaçadora interna transcrita do DNA ribossomal. A anotação taxonômica revelou 18 filos presentes nos solos dos campos de altitude da Mata Atlântica, sendo estes dominados pelos filos Ascomycota, Basidiomycota e Chytridiomycota, com Ascomycota representando mais de 70% das sequências ao nível de filo. Ao todo, 156 ordens foram identificadas, sendo que Helotiales, Lecanorales e Archaeorhizomycetales, são dominantes, refletindo a abundância relativa alta de Ascomycota, assim como sua diversidade. Das 310 famílias identificadas, Dermataceae, Archaeorhizomycetaceae e Parmeliaceae são dominantes, seguindo o padrão encontrado ao nível de ordem. Mais de 600 gêneros foram identificados, porém somente Archaeorhizomyces, Patellariopsis, Ramalina e Geotrichum são dominantes. As áreas amostradas apresentam diferentes composições de comunidades e riquezas de gêneros, indicando para a presença de uma heterogeneidade em pequenas escalas da Funga do solo dos campos de altitude da Mata Atlântica. |