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Esta pesquisa foi pensada à luz dos conceitos de ‘alegoria’ e ‘anagogia’, sendo que tais concepções foram utilizadas como chaves de leitura para analisar a obra ‘Eu e outras poesias’ (1912) de Augusto dos Anjos. Para tal, utilizamos como fundamentação teórica os seguintes autores: Agostinho de Hipona, Chico Viana, João Adolfo Hansen, Simon Brittan e Umberto Eco. Partindo disso, entendemos que a alegoria, pensada sob a ótica de Agostinho de Hipona, foi uma das hermenêuticas priorizadas para se debruçar sobre as Sagradas Escrituras. Nesse contexto, os símbolos sagrados apontavam para uma alegoria ao divino. Tal forma de compreender a alegoria foi invertida ao olhar para as poesias de Augusto dos Anjos, uma vez que os símbolos ali contidos alegorizaram a profanação da alma em prol do sofrimento da carne. Em relação à anagogia, no sentido clássico de sua concepção, foi compreendida como uma forma de elevar a alma a partir das Sagradas Escrituras. No entanto, quando o conceito foi pensado na obra do poeta estudado, também notou-se a inversão da acepção do termo, pois as imagens sacras dos poemas não foram evocadas para arrebatar a alma, mas, pelo contrário, apontaram para uma penitência da carne, sendo a metafísica divina uma experiência maldita e não de elevação. Em síntese, percebemos que os versos de Augusto dos Anjos, se lidos nessas chaves da alegoria e da anagogia às avessas, expressaram uma ‘cosmo-agonia’, como bem apontou a autora Lúcia Helena, especialista em Augusto dos Anjos. |
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