Abstract:
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A sepse é uma síndrome complexa que apresenta alta taxa de
mortalidade. No Brasil, a sepse apresenta uma mortalidade de aproximadamente
43,8%. Durante a sepse, ocorre um significativo aumento na produção de óxido
nítrico, gerando diversos efeitos, entre eles, vasodilatação. A pronunciada
vasodilatação contribui para o choque séptico, caracterizada pela pressão
abaixo de 65mmHg e necessidade de uso de vasocontritores para manutenção
da pressão arterial. Apesar disso, é frequente a hipoperfusão e a condição
apresenta taxas de mortalidade de até 65%. Neste contexto, sabe-se que o NO,
além de vasodilatar, pode formar S-nitrosotióis que, a longo prazo, levam a
inativação de proteínas críticas para a resposta aos agentes vasocontritores.
Nesse sentido, acreditamos que o entendimento da S-nitrosilação durante a
sepse e a diminuição da S-nitrosilação possa melhorar a resposta aos
vasoconstritores e consequente melhora de sobrevida. Logo, a proposta deste
projeto é a quantificação da S-nitrosilação total de proteínas na aorta, coração e
fígado, bem como avaliar se o tratamento com tempol reverte a S-nitrosilação
destes tecidos. Para tanto, foi induzido um quadro de sepse em camundongos
por CLP (cecal ligation and puncture) seguido de análise do total de proteínas S-
nitrosiladas. Em sequência, os animais sépticos foram tratados com tempol para
reversão da nitrosilação, com posterior análise e quantificação da S-nitrosilação
das proteínas. Como resultado, observou-se que a sepse gera aumento da
nitrosilação proteica no fígado, na aorta e no coração. O que o tratamento com
tempol apresentou uma diminuição no total de proteínas nitrosiladas nesses
tecidos. Além disso, o estudo mostrou que o tratamento com tempol não gerou
significativa mudança da pressão arterial nos animais sépticos. Desta forma,
percebe-se que o entendimento do processo da S-nitrosilação proteica pode
abrir possibilidades terapêuticas na sepse, na medida em que se verificou a
eficácia do tempol na redução desse processo nos tecidos de animais sépticos.
Futuramente, portanto, caso estes resultados se confirmem, será avaliado se a
redução da nitrosilação pelo tempol melhora à resposta aos agentes
vasocontritores. Tais estudos podem sustentar novas abordagens no tratamento
da sepse e do choque séptico. |