Melodrama e imaginário moderno no periodismo brasileiro do início do século XX: os anos de 30

Abstract

Presente no periodismo brasileiro e advindo da busca por mecanismos capazes de restabelecer a ordem durante a Revolução Francesa, o melodrama extrapola a condição de gênero textual e corresponde a um modo de imaginação cultural atrelado à construção das identidades nacionais modernas. Partindo dessa perspectiva, o objetivo deste projeto foi investigar os usos do termo “melodrama” e as valorações a ele associadas entre os anos de 1930 a 1939 em periódicos brasileiros disponibilizados pela Fundação Biblioteca Nacional na Hemeroteca Digital. A metodologia adotada foi a construção de um corpus a partir da catalogação de resenhas, artigos de opinião, fragmentos de folhetins, anúncios e notícias presentes em periódicos brasileiros que continham o termo “melodrama”. Em conjunto com as catalogações, foram feitas discussões que buscaram associar os dados encontrados nos jornais às análises realizadas pelos teóricos contemporâneos Martín-Barbero, Thomasseau e Brooks. Além disso, algumas produções da época, como peças de teatro, óperas e principalmente filmes, foram lidos ou assistidos na íntegra. Como resultado foi possível compreender as diversas valorações associadas ao melodramático, estabelecer padrões presentes nos dados catalogados e compreender mudanças no cenário artístico, bem como a recepção dos colunistas brasileiros perante as metamorfoses associadas a esse fazer artístico, a exemplo da passagem do teatro ao cinema e da transição do cinema mudo ao falado. A partir deste projeto de pesquisa foi possível analisar como os ideais moralizantes difundidos pelo melodrama impactam a sociedade, de que maneira o melodrama compõe produções artísticas das mais variadas vertentes, quais leituras brasileiras foram dadas ao termo e como o melodramático influenciou na construção da identidade nacional moderna.